Profissão abortiva? Manicures em foco

16.05.2015

Deu no “NY Times“: uma longa matéria sobre doenças em comum entre as manicures nos EUA, todas causadas por químicas usadas em produtos de beleza, deu tanta repercussão que o próprio jornal noticiou medidas de emergência tomadas pelo governador de NY, Andrew M. Cuomo, pra proteger funcionários de salões de beleza no estado. No texto – parte de uma série de artigos investigativos sobre o tema, inclusive a respeito de exploração salarial – publicado no começo deste mês, há relatos de manicures de um mesmo salão no Queens, que tiveram uma série de abortos e casos de deficiências fetais.

Com a recorrência desse tipo de problema na mesma profissão, a comunidade médica americana começou a estudar os efeitos das químicas no corpo humano e a maioria das questões recai sobre 3 ingredientes polêmicos na indústria de beleza: DBP (dibutilftalato), tolueno e formaldeído. Eles são vistos pelos médicos como potenciais causas de problemas reprodutivos, hormonais e respiratórios, como a asma, que é comum entre manicures. E não é por acaso que têm até apelido presente em muitas embalagens cosméticas: 3-free. O DBP, por exemplo, é banido pra uso em cosméticos na União Européia, considerado um tóxico que pode causar infertilidade; o tolueno é um solvente que pode prejudicar as funções cognitivas e os rins; já o formaldeído, que será banido pela UE dos cosméticos até 2016, é visto como cancerígeno.

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Como ainda não existe prova científica, as empresas continuam usando o trio e, segundo o jornal, mesmo alguns produtos que anunciam o 3-free na embalagem não passaram no teste de ausência das químicas. A investigação do “NY Times” conta que a Califórnia tentou proibir o DBP, mas houve uma grande reação da indústria contra a medida, inclusive de empresas grandes como a Estée Lauder, Mary Kay e O.P.I. Por conta disso, existe um programa no estado pra reconhecer oficialmente os salões considerados saudáveis, com produtos mais naturais e ventilação adequada.

Esse programa também é o que será obrigatório em NY através da medida emergencial divulgada, que envolve também o uso de luvas e de máscaras pelas manicures. Os especialistas de saúde afirmam que as máscaras não previnem a exposição aos 3 ingredientes. Serão realizadas inspeções nos salões, além de uma campanha educacional em 6 línguas pra informar as profissionais sobre seus direitos trabalhistas. Demorou, né?

Vale dizer que no Brasil ainda não há nenhum tipo de proibição, mas de fato algumas marcas fazem questão de divulgar que não usam nenhum dos 3 ingredientes em suas fórmulas de esmaltes, normalmente encontrados na parte de hipoalergênicos das farmácias e lojas especializadas. E como tudo na indústria de beleza, é bom ficar sempre de olho nas embalagens!

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