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O que será das marcas sem seus fundadores?

24.04.2009

Mariana Maltoni
Tufi Duek com a namorada Natalie Klein

Renato Kherlakian (ex-Zoomp), Fause Haten (ex-Fause Haten) e Marcelo Sommer (ex-Sommer): os três venderam suas marcas e saíram da direção criativa delas. Blog LP perguntou para eles, após Tufi Duek deixar a Forum: a saída dos fundadores de uma grife é prejudicial? Quais são as conseqüências?

Divulgação
Fause Haten

“Estou fora do Brasil e soube da notícia [da Forum] por vocês. Estou chocado!”, conta Fause. “Na minha opinião, nenhuma marca brasileira tem idade, maturidade ou identidade suficiente para sobreviver sem seu criador. Pra mim o melhor exemplo disso é o caso do Marcelo Sommer, que inclui o Grupo AMC. O que é a marca Sommer hoje? [ela foi adquirida pelo grupo] O que ela vale ou significa no mercado?”. O próprio Marcelo diz que o método “popularização pós-compra” é um contrasenso: “Isso me parece um erro, a marca já atende um público, já possui uma história. Ela é comprada e vira uma Zara, ou sei lá o quê”.

Mariana Maltoni
Marcelo Sommer

Marcelo, aliás, apresenta as suas opiniões em tom indignado: “Não acho que o Tufi estava pronto para se aposentar. Forum era a alma do Tufi, a marca é tudo que ele acredita, tudo que ele pesquisou durante todo esse tempo. Dizer que ‘tá tudo bem’ na moda brasileira não é verdade. A Zoomp, aquela marca que a gente conhece, que era o máximo, com vitrines incríveis, não desfila mais. Não tá tudo bem”.

Mariana Maltoni
Renato Kherlakian

Renato, fundador da Zoomp, coloca sua opinião: “A identidade está no seu polegar. A empresa que compra uma marca tem que estar preparada para continuar com o DNA dela. Se não tiver uma equipe que entenda bem o DNA, o conceito e o estilista que criou a marca, ela perde o rumo e pode afundar“. Fause ainda acrescenta: “Os executivos são muito objetivos e não têm emoção nenhuma no negócio. Os criadores são muito emocionais e têm em suas marcas um pedaço de suas vidas. Os dois pontos de vista são importantíssimos e precisam ser considerados. O equilíbrio é fundamental e precisa ser alcançado. Parece que se faz necessário uma terapia de casais urgente nesse mercado“. Marcelo comenta que o grupo InBrands, das marcas Alexandre Herchcovitch, Ellus, 2nd Floor e Isabela Capeto, é um exemplo que, pelo menos de fora, parece respeitar o papel do criador e, portanto, ter interesse maior nas marcas que adquire. Para Kherlakian, o único caso de venda bem-sucedida na moda brasileira até agora é o da Le Lis Blanc.

“Apesar de tudo isso”, Marcelo completa, “ainda tenho vontade de voltar e desenhar para a Sommer”. Não tem prova maior de que a marca é um pedaço da vida do estilista. Alexandre Menegotti, do grupo AMC Têxtil, foi procurado pelo Blog LP e não quis dar entrevista. Segundo a assessoria de imprensa, a única declaração oficial é o comunicado já distribuído para a imprensa.

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