Ocimar Versolato e a Lanvin

21.10.1997

Divulgação

Ocimar Versolato

Paris – A situação de Ocimar Versolato no cenário fashion internacional não é fácil mas também não chega a ser uma tragédia. É comum ver estilistas em dívida com bancos se recuperarem após uma cirurgia financeira que adeque custos e prazos – todo estilista deve ter caixa para os custos de seis meses com produção, promoção, lançamento, etc, que só retornam depois que a coleção é comercializada. O maior problema de Ocimar é o desgaste que teve com o mercado internacional. Seu desfile em Paris, semana passada, foi simplesmente ignorado pela imprensa especializada, que sequer gastou espaço para falar mal da coleção.

A não-renovação de seu contrato de dois anos com a maison Lanvin, avaliado em US$ 25 mil ao mês, indica o óbvio: a parceria não deu certo, enquanto outras, firmadas na mesma época, continuam de pé (John Galliano para Dior, Alexander McQueen para Givenchy). Nessa relação estão todos quites: a Lanvin promoveu o então desconhecido Ocimar em escala mundial e o nome de Ocimar, cujo talento foi reconhecido exatamente na coleção apresentada dois anos atrás, ajudou a Lanvin a recuperar alguma juventude. Mas o retorno esperado em parcerias desse tipo é sempre mais ambicioso e ambos acabaram frustrados. Desde que o contrato foi firmado, as coleções de Ocimar tanto para a própria marca quanto para a Lanvin não revelaram um estilo capaz de consolidar um nome e projetá-lo para o futuro. Ironia do destino, Ocimar ia bem melhor quando era mais modesto, suando para criar uma coleção com dois ou três mil dólares, recebendo apoio de modelos, relações públicas etc.

A razão oficial da separação diz que a Lanvin precisava de alguém com dedicação integral à marca (que acaba de fechar um grande contrato de licenciamentos com a Ásia) e Ocimar preferia se dedicar mais à própria marca, que vive um momento delicado que ainda pode ser revertido. Para a Lanvin é apenas uma troca de cadeiras. Uma troca executada com bastante sabedoria já que a substituta de Ocimar para as coleções de prêt-à-porter é nada menos do que o braço direito de Miuccia Prada, a responsável pelo hype da marca italiana Prada dos anos 90. Chama-se Cristina Ortiz, tem 31 anos, é espanhola e começou carreira na loja de departamentos El Corte Ingles. Sua estréia acontece em março de 98.

Lilian Pacce para O Estado de S. Paulo

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