A moda respirou nesta sexta-feira. Com três desfiles fora do prédio da Bienal, o SPFW ontem trouxe literalmente ar fresco pros fashionistas. Que sensação gostosa entrar num Museu da Escultura Brasileira e ver o desfile da Neon ou passear pelo parque do Ibirapuera até chegar ao jardim do Auditório onde a Ellus criou um lindo cenário circular – tudo com um céu azul tinindo. Confesso que esse vaivém me trouxe lembranças da semana de moda de Paris, onde cada desfile acontece no lugar escolhido por cada marca. Aqui, com o trânsito da cidade, é uma vantagem concentrar desfiles num único local como a Bienal, mas acabamos perdendo o encantamento de ver um desfile pensado conforme o lugar, criando um ambiente mágico.
Fábio Quintanilha
Backstage da Neon
A magia da Neon, aliás, foi além da construção de Paulo Mendes da Rocha. A marca veio mais madura, mais chic, como se tivesse encontrado o equilíbrio entre seu estilo abravanado e colorido de ser e uma nova elegância, que mistura referências díspares numa harmonia absoluta. Com chapéus que são cestinhas indígenas, o desfile começa com peças de zibeline em corte couture, passa por maiôs sensuais prontos para ir a festa, e chega nos looks de linho e seda – com as estampas que são marca registrada da dupla Dudu Bertholini e Rita Comparato. Com charme e humor, as modelos fazem a pose certa e terminam formando um tableau vivant em forma de “N”.
Na Ellus, que teve banda indie ao vivo, o DNA da marca (o jeanswear) vem na modelagem e nos cáquis, mas os tecidos são sofisticados, como sedas e couros. O xadrez perde o ar grunge e vai se apagando na roupa, usado sob jaquetinhas de couro (branca ou prata) e arrematado com uma ótima versão de bolsa quase carteira. Nem tudo é original, mas a coleção atende bem seu público-alvo.
Lilian Pacce, especial para o jornal “O Estado de S.Paulo” no dia 18/06/2011
