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As apropriações polêmicas de Richard Prince

29.09.2011

O fashionista de boa memória lembra do desfile de primavera-verão 2008 da Louis Vuitton, quando as modelos encarnaram enfermeiras sexies na passarela, com suas bolsas artsy no lugar das tradicionais maletas de primeiros-socorros. A coleção marcava mais uma parceria entre Marc Jacobs e um nome forte das artes plásticas: Richard Prince.

Nascido no Panamá em 1949, ele é uma das grandes referências quando se fala em foto-colagem e apropriação. São dele as obras que levam o icônico caubói da Malboro pra paredes de museus, como obras de arte com alto valor de mercado – e é dele também a polêmica pintura em cima de uma foto de uma Brooke Shields muito nova, destacando sua conotação sexual.

Richard começou sua carreira no setor de clipping de anúncios da revista “Time“, uma experiência que lhe permitiu entrar em contato direto com o mundo da publicidade e com o extenso arquivo de imagens da empresa, desde aquelas que saíam dos noticiários até as tirinhas de humor. Em 1975, ele começou a fazer apropriações deste tipo de conteúdo, muitas vezes incluindo seus próprios traços de pincel. Daí surgiu a série dos caubóis dos anúncios de cigarros, que consiste em fotos das fotos usadas nas propagandas, e trabalhos como as pinturas que levam a palavra “Joke” (piada) em seus títulos, misturando frases impressas com pinturas abstratas.

Como muito de sua matéria-prima vem do trabalho de outros artistas – ele já usou Willem de Kooning como base, por exemplo -, não é de se estranhar que Prince cause controvérsias. Foi o caso do processo que começou em 2008, quando Patrick Carion reclamou os direitos autorais de suas fotografias de rastafáris jamaicanos, usadas pelo artista numa exposição em cartaz na galeria Gagosian. A justiça norte-americana ficou do lado de Patrick, mas em setembro o processo foi reaberto, mostrando que apropriações continuam a dividir opiniões.

Aí na galeria você vê um apanhadão do trabalho dele, que está entre os 50 artistas que participam da mostra “Em nome dos artistas – Arte contemporânea norte-americana na Coleção Astrup Fearnley“, que comemora os 60 anos da Fundação Bienal de SP.

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