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O gelatinoso mundo de Liz Hickok

10.08.2011

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Liz Hickok vive num mundo frágil, composto por substâncias maleáveis que integram maquetes iluminadas – mas o universo criado por ela não está tão longe da realidade quanto parece. A princípio as imagens de seu trabalho fazem lembrar alguma técnica de animação misturada com ilustrações abstratas de grandes cidades, até que você olha em volta e percebe que ela usa uma matéria-prima palpável e bastante comum: a gelatina!

O produto é associado à culinária – elas viram sobremesas superincrementadas nos EUA e suas cores atraem crianças do mundo todo -, mas a artista gosta de usar seu aspecto moldável pra transformá-lo em grandes mapas tridimensionais com diversos sabores, como é o caso de seu projeto que recria a cidade de São Francisco, onde ela vive atualmente. Foi com moldes das casas vitorianas de Alamo Square, o MoMA e o prédio da prefeitura da cidade californiana que ela começou a ganhar projeção mundial.

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San Francisco in Jell-O” lhe garantiu o prêmio de melhor uso da comida como forma de arte no Food Network Award, em 2007, e a partir daí ela passou a explorar também outras cidades e construções famosas de seu país de origem, como a Estátua da Liberdade e a Casa Branca. Assim como em seu trabalho sobre a cidade onde mora, a abordagem em cima residência do presidente americano tem sua pitada conceitual: ela explica que o fato da gelatina estar suscetível a mudanças de forma quando exposta a diferentes temperaturas é um jeito de mostrar a fragilidade das cidades e das grandes instituições.

A ideia de esculpir a sede do governo americano, por exemplo, surgiu depois da posse de Barack Obama. O resultado é um vídeo que mostra uma mudança no lugar, como se o político fosse reconstruir o país. Pra isso a artista criou todo o cenário em miniatura, com direito ao fundo que ela mesma pinta, e documentou a transformação de sua Casa Branca gelatinosa, que foi derretendo depois de um banho de água quente. A ordem invertida do vídeo e a edição dão a sensação de reconstrução que Liz queria passar.

Exatamente por trabalhar com um item comestível e perecível, a maior parte de seu acervo é em forma de vídeos como esse de 2009, batizado de “The First 100 Days“, e fotografias. É também dessa forma que ela roda o mundo com exposições – a exceção está nas esculturas que ela vende na loja do MoMA-SF ou pelo seu próprio site, produzidas com um material à base de gelatina e cera, que tem o aspecto bem parecido, mas não é comestível nem derrete! Aí na galeria dá pra ver algumas delas e mais imagens do trabalho de Liz!

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