Vítima de Covid-19, Kenzo Takada morre aos 81 anos e deixa um grande legado para moda

05.10.2020

Reprodução

O estilista Kenzo Takada morreu aos 81 anos em Paris, vítima do Covid-19

É simbólico que a morte do estilista japonês Kenzo Takada (1939-2020), por complicações da Covid-19, tenha acontecido neste domingo, 04/10, em plena Semana de Moda de Paris. Afinal, ele foi o primeiro japonês a entrar no fechado mundo da moda francesa em 1970 – no ano seguinte, seria a vez de Kansai Yamamoto (que morreu em julho deste ano) estrear em Londres.

Kenzo não só foi o primeiro estilista japonês a abrir sua marca – e a loja Jungle Jap que se tornaria a Kenzo – em Paris, como criou também um novo estilo de desfile com sua moda colorida e seus florais. Ao contrário da seriedade da alta-costura, suas modelos eram estimuladas a sorrir, dançar e se divertir na passarela – e uma delas era Jerry Hall, começando a carreira, além de incluir celebridades. Seus desfiles eram superconcorridos nos anos 1980, sinônimo de alegria e frescor. Além disso, foi um dos fundadores da Chambre Syndicale du Prêt-à-Porter em Paris em 1973.

Jerry Hall desfila no outono-inverno 1976/77 da Kenzo

Kenzo esteve várias vezes no Brasil. Numa das vezes que eu o entrevistei (clique aqui pra ler!), ele contou que quando veio a primeira vez para cá, nos anos 1970, conheceu o Rio e a Bahia, e a cultura baiana acabou inspirando seu trabalho na época.

Em 2008, junto a outros japoneses, ele participou da mostra “Olhar Contemporâneo“, durante o São Paulo Fashion Week, na Bienal. Aproveitou para conhecer a Amazônia e deu várias palestras. Em 2011, criou uma colab de objetos para mesa com a revista “Caras”. Em 2016 fechou acordo com a Avon para a produção de seus perfumes.

Kenzo Takada entre Helène e Bernard Arnault, o todo-poderoso do grupo LVMH, no desfile de primavera-verão 1994 da marca

Foi em 1988 que ele lançou seu primeiro perfume, dando início a um negócio de grande sucesso com a linha Flowers by Kenzo. Em 1993, vendeu a marca pro grupo LVMH, comandado por Bernard Arnault. Seis anos depois, deixou a marca que havia fundado 30 anos antes.

Desde então, a direção criativa da Kenzo passou por Giles Rosier (de 1999 a 2003), Antonio Marras (de 2004 a 2011), pela dupla Humberto Leon e Carol Lim (fundadores da loja multimarca Opening Ceremony, em Nova York) entre 2012 e 2019, quando o português Felipe Oliveira Baptista foi contratado. Kenzo Takada inclusive assistiu seu desfile de estreia em fevereiro deste ano. “Sua energia excepcional, gentileza e talento eram contagiosos. Seu espírito viverá para sempre”, declarou Felipe.

Desfile da Kenzo para o inverno 1982 (esq.) e inverno 1994 (dir.)

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