Tommy Hilfiger chega ao Brasil

07.08.1998

Mais uma marca internacional aporta em São Paulo. Agora é a vez do fenômeno Tommy Hilfiger, o americano conhecido como o Ralph Lauren populista dos homens. A primeira loja acaba de abrir no MorumbiShopping com as linhas masculinas e infantil. A 2ª loja, que será a flagship da marca no Brasil, deve ser inaugurada até novembro num espaço de 700 metros quadrados na r. Oscar Freire, Jardins. A decoração segue o padrão internacional, com móveis de madeira branca e arquitetura californiana do começo do século.

De origem humilde, Hilfiger é o sonho americano do self-made man que descobriu que o melhor modelo – e outdoor ambulante – para suas roupas são as estrelas do mundo pop. Snoop Doggy Dog foi o primeiro, depois vieram Coolio, Gwen Stefani (do No Doubt), Puffy Combs, Salt ‘n’ Pepa, Fugees e até os Rolling Stones, para quem Hilfiger preparou um guarda-roupa especial de mais de cem peças na turnê “Bridges to Babylon”. Segundo Hilfiger, “a música dá à marca uma imagem cool”. “Sem a música, você não é cool e não tem o mercado jovem; todo estilista tem um lado cool que ele tenta pôr em prática”.

Desde que consolidou sua marca no mercado americano, para depois se estabelecer no exterior, o império Hilfiger passou a render somas de fazer inveja ao triunvirato da moda americana (Donna Karan, Calvin Klein e Ralph Lauren). Em março, seu patrimônio foi avaliado em US$ 1,97 bilhão, incluindo a compra da marca Pepe Jeans. Seus lucros aumentaram 150% em relação ao ano anterior. Diante deste número quem seria capaz de discordar de sua estratégia como estilista, empresário e homem de marketing?

Um de seus trunfos é evitar a imagem elitista dos estilistas de sucesso, tanto nos preços quanto em seu marketing, intenso e inovador. Assim, os artistas ligados à grife estabelecem com seus fãs um vínculo acessível: ambos podem pagar R$ 85 por uma calça jeans ou R$ 60 por uma camiseta pólo. Quando Aaliyah, a cantora hip hop, apareceu na campanha publicitária com uma calça baggy, o modelo se esgotou imediatamente e a empresa teve que produzir com urgência mais milhares de pares. Várias roupas usadas por Sheryl Crow em sua última turnê foram comercializadas nas lojas, num contrato que rendeu à cantora US$ 500 mil e incluía parceria na campanha contra o câncer de mama.

As últimas investidas de Hilfiger em novas mídias incluem acordos inéditos com a Nintendo e com a Dimension Films (da Miramax). Assinadas por Tommy Hilfiger, as jaquetas, calças e camisetas usadas pelos personagens do novíssimo videogame “1.080º Snoabording” do Nintendo 64 começam a ser vendidos este mês nas lojas dos EUA que, em contrapartida, abrigarão monitores do Nintendo 64 para entretenimento de seus clientes.

Até o final do ano, Hilfiger lança o filme de ficção científica “The Untitled Rodriguez / Williamson Project”, escrito por Kevin Williamson (“Pânico” e “Pânico 2”) e dirigido por Robert Rodriguez (“El Mariachi”), numa parceria de US$ 200 milhões com a Dimension. O elenco, essencialmente de jovens atores (novos como Jordana Brewster e consagrados como Salma Hayek), vestirá Tommy Jeans, claro, num acordo sem precedentes entre moda e cinema.

American style – O logotipo da marca mimetiza uma bandeira com as cores dos Estados Unidos: azul, vermelho e branco, estabelecendo uma relação direta com o espírito prático do país que inventou o sportswear. Lançada em 1984, a marca obteve primeiro aval dos negros americanos, criando uma imagem politicamente correta. Hoje, até o presidente Bill Clinton usa suas gravatas. Além disso, pode-se encontrar uma linha completa para homens (de modelos casuais e esportivos aos de alfaiataria, passando pela coleção rock’n’roll que, inspirada nas roupas dos pop stars, tem camisas brilhantes de seda e calças justinhas de couro), mulheres, bebês, boys and kids (de 4 a 20 anos), além de acessórios, artigos e móveis para a casa e do perfume Tommy, um sucesso no mercado internacional. Todas as coleções, segundo ele, refletem um estilo de vida completo, num mix de roupas clássicas com as últimas tendências comerciais da moda.

Casado, Hilfiger tem quatro filhos, vive em Connecticut e gosta de aproveitar o tempo livre velejando em Mustique (no Caribe), onde tem casa vizinha à de Mick Jagger. De origem humilde, Tommy foi o rebelde de nove filhos de um relojoeiro com uma enfermeira. A falta de gosto pela escola ele atribui à dislexia, que até hoje lhe dificulta a leitura. Trabalhando como encanador, juntou US$ 150 e comercializou suas 20 primeiras calças de jeans boca-de-sino em 1969. Em seguida, abriu a loja People’s Place até se lançar como designer, em 84. Em 92, transformou sua marca em empresa de capital aberto. E hoje, a esta hora, ele deve estar alcançando um patrimônio de US$ 2 bilhões.

Novidades chegam com a primavera

Carente de grifes masculinas (conta-se nos dedos as boas marcas como Ricardo Almeida e Richard’s), o mercado nacional começa a virar objeto de desejo das grifes internacionais. A butique Daslu (r. João Lourenço, 536, Vila Nova Conceição) acaba de ampliar para 1.800 metros quadrados seu espaço masculino, que agora tem lojas separadas da Gucci, Donna Karan, Salvatore Ferragamo e outras marcas de grande prestígio. Além disso, a Daslu passa a oferecer outros atrativos ao público masculino: charutos da tabacaria Caruso, livros e revistas da Toc na Cuca, caixa eletrônico do BankBoston e até flores de Vic Meirelles.

Mas há mais marcas chegando. Jorge Kaufmann, uma das grandes revelações do Phytoervas em 95, finalmente inaugura seu espaço no início do setembro na r. Jacques Félix, 19, pertinho da Daslu. Além do estilo casual de sua marca Aquarela, que existe há 19 anos, ele investe na coleção masculina Jorge Kaufmann, um mix de dandismo e exuberância que refletem seu próprio modo de vestir. Uma de suas apostas é a substituição do paletó pela jaqueta bomber, seja num look mais formal (camisa e gravata) ou com uma camiseta básica. Para as mulheres, por enquanto, ele oferece peças especiais, de tiragem limitada (no máximo seis iguais), como um top de paetê francês cor-de-rosa.

Os tradicionais charutos Davidoff acabam de abrir sua primeira butique no País, que servirá de modelo para um sistema de franquias. Localizada no hotel Renaissance, a loja comercializará todos os artigos da marca: dos charutos apreciados por Orson Welles a óculos, carteiras, malas, camisas, gravatas e até conhaques, licenciados pela Hennessy.

Outra novidade é a linha completa de maquiagem Gianni Versace, que já está à venda com exclusividade na butique da rua Bela Cintra, 2.209. Os preços variam de R$ 26 (esmaltes) a R$ 38 (rímel), além de batons, pós compactos e outros. Em outubro, será inaugurada a primeira butique da Versus, linha mais acessível de Versace, no n.o 2.003 da mesma rua. Antes disso, Santo Versace – o todo-poderoso irmão -, vem a São Paulo para prestigiar o grande desfile de sua grife que Janete Bogoshian organiza no Museu Brasileiro de Escultura.

Dos importados, até outubro teremos as roupas de Yohji Yamamoto ao lado de novos nomes como Veronique Branquinho, Collette Dinnigan, Kostas Murkudis e do mago do tricô Julien McDonald – tudo na butique multimarca Sissi. Já a Claudeteedeca distribuiu pela loja corners de dez estilistas brasileiros (com a nova marca Rei, de Reinaldo Lourenço, e os jeans de Alexandre Herchcovitch) e doze internacionais – estreando as vendas do conceitual Martin Margiela e do comercial Alberto Biani. A Eclat terá como novidade as bolsas únicas de Loulou Guinness, um hit internacional, e as roupas de Thimister, além das italianas Rocco Barroco e Capucine Puerari.

Em setembro, Alexandre Herchcovitch sai da al. Franca para ampliar seus domínios na rua Haddock Lobo e no MorumbiShopping, dividindo suas araras entre a linha jeans e a parte mais fashion. A Mixed inaugurou sua maior loja, na Vila Nova Conceição, com as linhas Kids, Gym, Noite e Essentials. E Lita Mortari acaba de repaginar sua loja da r. Dr. Mario Ferraz, estreando a venda dos óculos de sol Alain Mikli na América do Sul ao lado de sua coleção feminina e dos sapatos de Alessandro dell’Acqua, Marc Jacobs, Sergio Rossi e outros nomes internacionais.

Lilian Pacce para O Estado de S.Paulo

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