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|Super System| por DJ ΛÐ_____REQUIEM FOR A HIT

13.05.2010

Hit” é uma expressão inglesa utilizada para definir uma música que é muito popular, de grande sucesso no mainstream e comercialmente significativa. Por exemplo, tal música é um hit, ela “acertou em cheio”. Realmente, para qualquer artista é uma grande realização ter sua música estourando nas paradas de sucesso, na lista da Billboard, em todas as rádios, em downloads frenéticos, na boca e nos ouvidos de todo mundo.
No entanto, em 99% dos casos o hit foi feito para estourar, pra ser pop, para agradar. Ele segue fórmulas de sucesso, maneiras de fazer, a estrutura musical ‘estrofe-refrão-estrofe-refrão-ponte-refrão’, frases repetitivas e/ou de efeito, histórias de amores perdidos, o refrão mais intenso que as estrofes, a ponte dissonante, boas produções, etc. Pronto! O hit está feito. Com certeza é uma delícia ligar o rádio ou dançar numa pista uma música que todo mundo conhece e sabe a letra de cor. E com videoclipe então? A gente decora todas as coreôs, identifica o look associado a tal música e tenta decifrar as referências. Mas, assim como em qualquer outra coisa na vida, hit em excesso faz mal. Ele enjoa, cansa e pior: ensurdece. Hit demais é como um cabresto. Ele prejudica a crítica e opinião individual, a ampliação do conhecimento, a sensibilidade artística e a capacidade de apuração do que nos agrada (ou não, como diria Caetano).

Ad FerreiraRequiem for a Hit“Requiem for a Hit”, ilustração de Ad Ferrera

Música é arte. É uma ferramenta poderosa. É necessário observá-la (sentir o ritmo, os elementos que a compõem, a atmosfera, o sentimento que ela cria e uma série de outras coisas) antes de julgá-la. Um bate-estaca discontrol não garante uma boa música e “nem só de hit viverá o homem” (guarde no coração). Pra ajudar, encontrei até um guia “Anti-Hit”, que publica semanalmente 10 não-hits favoritos.

Aí, pensando nisso, eu me lembrei do Ariel Pink. Trata-se de um músico vanguardista que mora em Los Angeles, conhecido por sua música experimental e lo-fi (gravado com pouca qualidade, como em fitas K7‘s, por exemplo) no melhor estilo ‘Freak-Folk’. Inclusive, essas gravações lo-fi fazem as músicas parecerem antigas, mas elas são mais modernas do que a gente pode imaginar. Pink faz suas músicas desde 1996, já fez parceria os caras do Animal Collective, produz e toca quase todos os instrumentos que formam suas músicas (mais de 500 até ano passado, masters em fita K7). O curioso é que ele tem seu método autoral e maluquete de produzir, criando sons de bateria com a boca e até com as axilas! Lóki. Resultado: Músicas extremamente criativas, pegada Gothic Rock, beats descompassados, surrealismo e poesia. Apelo comercial: 0. Carisma e criatividade: 10. Sua música começou a chamar atenção, ele chamou mais amigos e formou uma banda – Ariel Pink’s Haunted Graffiti – entraram em turnê e, no ano passado, tocaram ao lado de estrelados hitmakers no Coachella, um dos maiores festivais de música do planeta. É muito bacana! Além de músico, Ariel Pink, que estudou no California Institute of the Arts, também cria desenhos abstratos e surreais. Ele eventualmente vende as obras em seu site.

ReproduçãoAriel PinkStill do vídeo “Grey Sunset” de Ariel Pink

Este post não é anti-hit. Eu, assim como todo mundo, adoro (e como!) um bom hit. Mas ando notando muita gente acomodada (musicalmente falando) com falta de imaginação, feeling, groove; estagnados, ouvindo muita porcaria por aí – e o pior: sem saber do que se trata e/ou com a mente fechada para novas possibilidades. É da experimentação e apropriação que surge o novo, em tudo. Um show vazio não é sinônimo de um show ruim. Tem muito – mas muito mesmo – show lotado com músicas péssimas. E o mesmo vale pra pista de dança. E a gente ta aqui pra falar de coisa boa, né? Então, liberte seus ouvidos, sinta a música, abra a sua cabeça! Música é muito mais que um refrão chiclete colado na testa. Independentemente do seu estilo, permita-se (… ou não. Hahaha! Azar o seu).

Quer ver como é possível curtir uma festa sem cair no hit massante? Olha só que festanças incríveis o pessoal do Optimo fizeram por mais de 12 anos (a residência no Sub Club terminou no final do mês passado) em Glasgow, na Escócia, influenciando toda a cena. O projeto cresceu e continua itinerante around the world. Quibón! ΛÐ

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