“Hoje a moda brasileira passa por fase triste”, diz o fundador da Zoomp

29.06.2016

Em meio a notícias de um possível renascimento da Zoomp, marca-ícone de jeanswear nacional, aparece um outro “produto” bem atraente nas prateleiras: um livro no qual Renato Kherlakian, o fundador da Zoomp e da Zapping, conta essa parte superimportante da história da moda brasileira. “Uns Jeans… Uns Não“, que é da Senai-SP Editora e já está à venda nas livrarias, tem uma estrutura diferente, com temas organizados como num alfabeto e sem ordem linear, além de ser bem recheado de imagens, claro! A gente aproveitou pra conversar com ele sobre o livro e sobre a Zoomp em si – confira!

Como surgiu a ideia do livro? 
Olha, o livro marca uma trajetória extremamente importante que começou em 1974 e a melhor maneira de perpetuar essa história é dessa forma. Ele tem uma dinâmica interessante de textos, imagens e QR codes. E o título não é pretensão, é de direito mesmo, uns jeans e uns não! A história da Zoomp foi marcada pelo jeans, teve distribuição e prestígio por todo o país, e foi a 1ª nacional a atravessar o oceano e vender em outros mercados. Então a ideia do livro surge desde que a marca começou a fazer história!

Tem alguma história que logo de cara você sabia que não podia deixar de fora?
Acho que são várias, desde a arquitetura das lojas, os desfiles, o 1º desfile no Sandália de Prata em 1979, as campanhas com modelos e fotógrafos nacionais, a turnê do GRAAC [beneficente, em prol do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer] que foi algo inédito, a contratação do Mario Testino e de Carine Roitfeld que deu uma modificada nas campanhas daqui… Foram muitos pontos extremamente importantes. A marca se identifica muito pelo ineditismo, o pioneirismo. É uma consolidação de branding muito forte.

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Você ainda teve uma marca de jeans premium, mas que já não existe mais, a RK Denim, certo?
Ela existiu de 2008, que foi quando pude abrir uma marca nova de acordo com o contrato com a Zoomp, até 2011.

E como você vê o mercado de moda hoje?
A identidade de um jeans nacional de qualidade foi se perdendo. A velocidade com que as marcas internacionais entraram no mercado foi um dos problemas. Vimos uma queda acentuada de modelagem, material, da qualidade do produto como um todo. Hoje a moda brasileira passa por uma fase triste. Espero que ela consiga se reerguer em pouco tempo, espero que exista um futuro com um mercado um pouco mais evoluído.

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É inevitável te perguntar também sobre a possível volta da Zoomp. O que você acha disso?
A marca foi, ou é, uma das mais importantes entre as nacionais. E isso apesar de, depois de tê-la vendido, ela ter sofrido agressões no seu conceito. A Zoomp se perdeu quase que na sua totalidade. Essa nova investida é um desafio grande, mas é uma oportunidade também pelo vazio que o mercado encontra hoje de um bom produto de denim. Acredito que o Grupo K2 possa ter um projeto e idealizar um futuro pra Zoomp com posicionamento de mercado.

Saiu na imprensa que você teria algum tipo de participação nessa nova fase da marca.
Essa participação foi anunciada pela imprensa de maneira precipitada. Tive conversas com o Turco [Alberto Hiar] e estou aguardando um posicionamento sobre o que seria essa posição de embaixador pra qual fui convidado, se seria algo 360º, de envolvimento em tudo, mas infelizmente acho que ela não deverá acontecer. Em suma, a Zoomp precisa de uma boa estrutura e boas lideranças porque de resto a marca ainda é desejada. Espero que até o fim dessa década eles consigam reerguê-la com sucesso.

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