“Corra!” em 2017 e “Hereditário” em 2018 prenunciavam uma nova onda de filmes de terror. Neles, existem subtextos e metáforas sobre questões importantes pra sociedade hoje – o primeiro fala de racismo, o segundo de saúde mental. Tanto que a série “American Horror Story“, que preferia entreter e contar histórias sem necessariamente esse tipo de pano de fundo, acabou usando sua 7ª temporada, “Cult“, pra falar da situação política dos EUA pós-eleição de Trump.
Só que faltava, nesses prenúncios, algo que chega agora via “Nós” (do mesmo diretor de “Corra!” Jordan Peele) e “Suspiria” (remake do original de Dario Argento que toma várias liberdades, do cineasta Luca Guadagnino). Também conversa com essa nova fase a série “Stranger Things” e “It – A Coisa” (2017). São tramas que trabalham com metáforas mas que conquistam também os fashionistas porque capricham no seu visual, construindo um universo criativo próprio reconhecível – coisa que as marcas mais querem quando fazem seus desfiles. Alguns dos longas mais citados como inspiração pelos estilistas são de terror com superestética: “Fome de Viver” (1983) e “Os Olhos de Laura Mars” (1978) são dois exemplos.
“Nós” reflete sobre como a classe média norte-americana encara a parcela mais carente da população (ou melhor, não encara) e escancara duas realidades: problematiza a meritocracia e mostra que, se organizar direitinho, a classe média… se ferra. “Suspiria” é ainda mais complexo: fala de disputa de poder, da relação entre mulheres (especialmente a maternal), de convicção e extremismo. É interessante perceber que ambos também trazem a dança como elemento importante em suas narrativas e como referência no movimento de personagens.