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Pense Moda 2010, dia 2: alto luxo e o comércio online

25.11.2010

2º dia de Pense Moda 2010 e parece que houve mesmo uma evolução da discussão. Se na última 3ª (23/11) o assunto girava em torno das ferramentas online – e de como podemos utilizá-las a nosso favor – ontem a conversa terminou no uso prático delas, em forma de e-commerce.

Aurea CalcavecchiaA mesa que debateu o mercado do luxo no Brasil

A noite começou com mesa composta por Alexandre Birman (grupo Arezzo), Natalie Klein (NK Store e Marc Jacobs), Richard Barczinski (JHSF, a concessionária da Hermès no Brasil), Fernando Pimentel (ABIT), Rosangela Lyra (Dior), Daniela Cecilio (Farfetch), com a mediação de Giuliana Cury. O assunto em pauta: o impacto da chegada das grandes marcas gringas no Brasil. Afinal, o que é esse tão comentado boom de crescimento das marcas de alto luxo em solo brasileiro? Pra começar, de acordo com a mesa, não existe boom. A chegada das grandes etiquetas é mais cautelosa por aqui do que foi na Russia e China, como explicou Natalie Klein, com o apoio de Richard. O país entrou na rota do mercado de luxo de forma sustentável: ele finca suas raízes sem pressa, mas pra ficar, porque existe demanda. E sem oferecer perigo ao mercado nacional, todos concordam. O luxo que chega de fora é diferente do que nós produzimos e a chegada dele reforça esse nicho do mercado – melhor pra todos.

Mas há uma pedra no sapato das marcas que aportam aqui e ela tem um nome: impostos. Natalie diz que eles chegam a equivaler a 108% do valor dos produtos. Ao que Fernando Pimentel acrescenta que as políticas tributárias brasileiras são as grandes barreiras do crescimento do setor da moda no país – junto da corrupção que toma a alfândega, fazendo com que cheguem aqui produtos da China sem passar por fiscalização. Mesmo assim “os brasileiros gostam de comprar“, afirma Fernando, lembrando que o consumidor cumpre seu papel mesmo diante das desvantagens. A vantagem de comprar aqui, mesmo que se pague até 2 vezes mais por isso: “A cliente é tratada como rainha”, garante Rosangela Lyra, seguida por Natalie, que faz também sua lista – “aqui temos o pagamento parcelado, que não existe lá fora; um produto comprado aqui tem atendimento imediato, caso necessite de conserto; e, o mais polêmico, se você compra sua Chanel lá fora e não declara, você está sonegando impostos, e todo mundo esquece disso”.

Aurea Calcavecchia“O futuro não é um lugar pra onde vamos, e sim o que criamos”

Depois de muito se falar sobre a lógica do mercado e do consumidor, a conversa migrou pra web. Daniela Cecilio, do Farfetch Brasil, explicou como funciona o serviço de e-commerce oferecido pelo site e afirmou que os brasileiros ainda têm dúvidas em relação ao comércio online. A culpa cai na falta de clareza no que diz respeito às legislações pra área. “O e-commerce ajuda as marcas internacionais a entrarem nos países como um todo, não só no eixo Rio-SP, mas o comprador ainda tem medo do produto não chegar”, disse ela. A turma parece concordar com o fato de que os sites de vendas não anulam a ida do cliente às lojas. O mais cético em relação a isso era Alexandre Birman, que anunciou pro ano que vem o começo das vendas online da Alexandre Birman, Schutz e Arezzo – sobre esta última ele disse “ainda temos preocupação em perder volume de vendas nas muitas lojas espalhadas pelo Brasil”. A NK também tem data: em março de 2011 entra no ar o site. Enquanto isso, Dior e Hermès continuam de fora. A Hermès, segundo Richard, não quer banalizar seu produto. E, apesar da marca francesa não gostar da palavra luxo, é aí que mora seu segredo.

Aurea CalcavecchiaSusanne Tide-Frater falou sobre criatividade e tecnologia

Após o intervalo onde se ouvia comentários sobre as ferramentas online de compras, subiu ao palco Susanne Tide-Frater, que se define como uma “médica de marcas“. Ela presta consultoria pra gente como Victoria Beckham, Hussein Chalayan e pra loja de departamento inglesa Selfridges. Apresentou os cases de sucesso dessas empresas e comparou uma marca a uma anatomia humana. Ela é composta pelo produto que a marca vende, a história que ela vai contar, o modo de apresentá-la ao público, suas formas de venda e sua participação online. Todos os sistemas que precisam se alimentar de criatividade pra fazer o organismo funcionar – mesmo que não haja verba e estrutura suficiente! “Inovar é possível em qualquer contexto“, ela decretou. Susanne procura o novo e parece encantada com as possibilidades que a internet traz pra ele.

O mesmo Farfetch discutido minutos antes, na 1ª parte do evento, voltou à tona. Ela presta consultoria pro braço gringo do site e conta que o importante na ferramenta é oferecer uma experiência ao consumidor e, ao mesmo tempo, garantir praticidade pra ele. No site você tem a opção de visualizar todos os produtos juntos, por categorias, ou entrar em hotsites de cada loja, incluindo as chamadas “pop ups” criadas por estilistas ali dentro – que te dão a dimensão do universo da marca que está comprando. “É preciso lembrar que, independente de moda ser arte, o importante é o consumidor, pois é ele que vai comprar. Ele deve ser estudado por tribos, e não por gênero, idade, peso”. E se Alexandre Birman estava preocupado com a diminuição das vendas nas lojas em detrimento das compras online, ele tinha seu fundo de razão. De acordo com Susanne, lá fora as marcas já estão vendo esse movimento e ela prevê que em 2 ou 3 anos isso vá se agravar – o tempo necessário pras pessoas se acostumarem a comprar via cliques.

Blog LP termina esse post convidando você pra pensar moda junto com a gente: qual é a grande diferença de consumir moda nas lojas e na Internet? Comente!

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