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Modelos musas: a expo do MET

11.05.2009

Peter Lindbergh/DivulgaçãoNaomi, Linda, Tatjana, Christy e Cindy em Giorgio di Sant’Angelo, foto de 1990

Ótimo programa pra se distrair, a mostra “Model as Muse”, do museu Metropolitan, em NY, sobrepõe as imagens mais icônicas da fotografia de moda -a partir do pós-guerra- com algumas das roupas mitológicas retratadas nestas fotos. Irving Penn, Richard Avedon, Francesco Scavullo e Steven Meisel imortalizam em editoriais de moda as criações de Dior, YSL e Versace, envergadas pelas não menos lendárias Dovima, Verusckha e Linda Evangelista. Tudo devidamente montado em formato “tableau vivant”. Ah, sim, e com direito a um breve currículo de cada modelo!

Estranhamente, algumas salas são dedicadas a instalações com peças de marcas como Dior Couture (Galliano) e Giorgio Sant’Angelo sem indicar o link entre “Muse” e esses grandes criadores. Quem são as musas deles? Talvez os diretores de casting da Conde Nast saibam responder…

Loomis Dean/DivulgaçãoModelos de Christian Dior em 1958

A única menção ajuizada é a explicação do que eram as modelos de “cabine”, que figuram na história da moda (vide Dior’s autobiografia) como xodós dos designers e inspiradoras massinhas de modelar.
Mas, como elas são heroínas anônimas, não aparecem na mostra. Aqui só valem os editoriais, quando bastaria olhar para os carnês de Balenciaga para honrar o papel delas.

Aplausos também pra instalação Polly Magoo, baseada no filme cult de William Klein, com direito a projeção e exposição rotativa de 3 incríveis peças de metal dos criadores François e Bernard Baschet usadas no filme. Talvez seja a única boa amarração com o tema “model as muse”.

Azzedine Alaïa, um dos criadores pivôs dos anos 80/90, recebe menção ínfima. O clipe “Freedom“, de George Michael – cheio de Alaïas -, é projetado sem nenhum crédito! Dizem que uma pequena foto mostrando suas roupas foi improvisada de última hora para livrar a cara de Anna Wintour depois que vazou a notícia de que sua rixa com ele custaria a ausência no baile de abertura de Naomi Campbell, Linda Evangelista e Stephanie Seymour, onipresentes na mostra e devotas do estilista.

Bert Stern/DivulgaçãoTwiggy usando Yves Saint Laurent em 1967

A lista de lapsos acadêmicos, lavagem de roupa suja e priorização corporativa (por parte da “dona” do pedaço “Vogue” América) da mostra é enorme. Não à toa o curador Andrew Bolton, que assinou mostras de moda de peso no Met, abriu mão desta curadoria. Os exemplos mais gritantes? A dupla Lacroix e Marie Seznec, ótimo testemunho de uma marcante relação estilista-modelo-musa, está ausente, assim como Ines de la Fressange que o desamor de Karl Lagerfeld (amigo de Wintour) confina ao esquecimento na mostra.

Veredito final? Ótimo programa, excelentes vinhetas, puro entretenimento. Curiosamente, porém, as pessoas saem da mostra entendendo menos sobre o tema e sobre moda do que quando entraram – algo inédito para o MET. Essa mostra faz para a moda o mesmo que um comovente comercial de TV faz conosco: a gente se arrepia, fica com lágrimas nos olhos, mas depois se sente um perfeito idiota.

Ed Costa Rica, infohunter do Blog LP, de NY

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