Miuccia Prada deu entrevista cheia de protestos ao jornal “La Reppublica“. A estilista afirma que o “Made in Italy“, antes tão incensado no mundo todo, perde força por conta da falta de estímulo dentro do próprio país; culpa do governo e da imprensa, que não levam a moda a sério. Segundo ela, eles não entendem o quão relevante é essa indústria em termos de vendas e empregos e esquecem que a geração de renda através da moda ajuda a organizar outros setores, como arte e cultura.
“A Itália tem menos recursos, personagens, ideias, vitalidade e dinheiro. A moda corre pra outros lugares, procurando por algo melhor”, disse Miuccia, lembrando que ela mesma desfila suas coleções da Miu Miu na Semana de Moda de Paris, porque “procura por aquele atrativo chamado glamour”. A italiana ainda cita Raf Simons, um grande nome que apresentava suas criações em Milão, com a Jil Sander, e que agora atrai atenções na França, contratato pela Dior.
A crítica se estende às grandes empresas que vendem suas etiquetas pra grupos estrangeiros. “Com a venda de nossas marcas de luxo pra eles, nosso sistema inteiro perde a liderança. A credibilidade, glamour, fama e tomada de decisões está na mão dos outros, e ficamos abandonados, rebaixados”. Vale lembrar que a Valentino acaba de ser comprada por um grupo do Qatar, pra ilustrar bem essa observação. O caso da Itália é diferente do nosso, mas o problema em si, com a falta de estímulo e dinheiro, é parecido com o que acontece hoje no Brasil.
