H. Stern lança jóias assinadas por Diane von Furstenberg

16.01.2005

Nova York – Antes de mais nada, Diane Von Furstenberg é uma grande viajante e como todo aventureiro, ela adora explorar e extrapolar limites. Foi assim em 1972, quando criou o vestido-envelope, um ícone fashion que vendeu mais de cinco milhões de exemplares e lhe rendeu capa da revista “Newsweek” em 1976. Ou quando deixou toda a família e todo o glamour da Manhattan dos anos 70 para viver um tórrido romance com um brasileiro em uma cabana em Bali. Ou agora, ao realizar um sonho de mais de vinte anos: lançar uma coleção de jóias junto com a empresa brasileira H. Stern, que já está à venda nos Estados Unidos e chega ao Brasil em abril. Foi na semana de lançamento em NY que Diane recebeu o Estadão para um almoço e entrevista exclusiva em seu estúdio no downtown.

Aos 58 anos, cheia de jovialidade e determinação, Diane conta que quando esteve no Brasil pela primeira vez nos anos 80 ficou fascinada com as pedras brasileiras, especialmente com a forma com que eram tratadas pela H. Stern. Na época, propôs este projeto a Hans Stern, seu fundador, e desde então tenta convencer a empresa. Persistente, só recebeu o OK recentemente, depois de uma grande estratégia de sedução profissional com o filho de Hans, Roberto: “Eu coleciono jóias há muito tempo. Eu amo jóias”, diz a estilista. “Mas não conseguia encontrar modelos com design moderno que me agradassem, então convenci a H. Stern de que eu poderia fazê-las”.

Para ela, suas jóias têm tripla função: adorno, talismã e investimento. Atrás de cada uma das 45 peças existe uma história que traduz a personalidade e os valores desta mulher poderosa e de alma jovem: “Com certeza, minhas jóias fazem barulho, causam impacto e dão personalidade para quem as usa”, diz.

Ela trabalha figuras como o coração de ex-voto (para agradecer as graças alcançadas), a chave (que abre portas e simboliza o sucesso) e a folha da árvore gingko biloba (como símbolo de saúde e longevidade), entre outros. Ao mostrar os anéis de cristal da linha Power Rings, brinca maliciosa: “Um anel como este é uma arma de proteção… e sedução”.

Como em sua vida, a Índia tem grande influência em seu design: “Este bracelete da linha Sutra (literalmente em sânscrito, significa fio ou alinhavo) representa as partes que se conectam para expressar belas palavras, direcionando a energia para as coisas positivas“, explica. E qual a relação das jóias com seu famoso vestido-envelope? “O espírito é o mesmo: força e simplicidade”.

Diane conta que aprendeu muito com Roberto Stern. “Eu queria criar três tamanhos – pequeno, médio e grande – e ele disse: ‘Ninguém quer ter uma jóia pequena’.” Assim, os tamanhos se transformaram em “clássico, grande e bold”, garantindo a auto-estima das clientes.

Descendente de judeus, ela nasceu Diane Simone Michelle Halfin, no último dia de 1946, em Bruxelas, Bélgica. Sua mãe Liliane, uma sobrevivente dos campos de concentração, a ensinou a ter autoconfiança e nunca perder de vista o significado da palavra liberdade. E foi esta direção que Diane seguiu. Cidadã do mundo, estudou na Suíça, Espanha e Inglaterra, até conhecer e se casar, em 1969, com o príncipe austro-italiano Egon Von Furstenberg, morto recentemente. Como ela mesma diz, sua vida começa onde “muitos contos de fada terminam”.

Os dois se mudam para NY e ela passa a produzir alguns vestidos simples e baratos. Sua estrela forte a leva à então toda-poderosa da “VogueAmérica, Diana Vreeland, que fica encantada com a qualidade e lhe oferece ajuda. Pronto. Estava acionada a varinha mágica da fada madrinha.

O toque de Midas veio em 1972 com o vestido-envelope. “Ele surgiu da junção das nossas três fábricas: a de estampas, a de malha e a de elastano“. O modelo transpassado, sem botões ou zíper, fácil de vestir, prático para manter e perfeito para a nova elegância virou uniforme de uma geração de mulheres liberadas, pós-1968: “É um vestido que modela o corpo e mostra a força e a beleza da mulher”, define.

Depois de momentos difíceis nos anos 80, que a afastaram dos negócios e da moda, Diane ressurgiu poderosa no final dos anos 90 e hoje seu vestido-envelope pode ser visto em ícones fashion como as atrizes Nicole Kidman, Gwyneth Paltrow e Sarah Jessica Parker em “Sex and the City”, além de estarem sempre em suas coleções, lançadas na Semana de Moda de NY. A do inverno 2004, aliás, teve a Amazônia como inspiração, embora ela nunca tenha estado lá. “Mas pretendo ir em breve”, diz. “Conheço apenas o Ceará, Salvador e Rio”. “Em breve” pode ser em abril, quando vem para o lançamento das jóias aqui: “Eu adoro o Brasil. É um país colorido, com mulheres lindas e felizes, o céu é enorme, a natureza é grandiosa”, diz Diane com seu jeito superlativo de ser.

Lilian Pacce

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