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Assim é, se lhe parece

08.02.2009

Imaginação e função a serviço da criatividade. Nesta edição, baixou um espírito ora ilusionista ora utilitário nos estilistas do SPFW, já que as coleções brincam de “trompe l’oeil” (engana o olho, em tradução literal), num divertido exercício de parece mas não é. Um tailleur camufla o que de fato é um vestido; o look que parece camisa e macacão na verdade é uma peça só. Pode ser também um chapéu que parece dois mas não é. Ou uma roupa sobriamente preta que se revela de um lindo jacquard colorido no seu falso avesso, mostrando que tem duas caras. Tem também colarinho que vira cós, abotoamento tipo jaquetão que se desloca para lateral, lapela que vira suspensório e até etnias ou elementos de culturas diversas mesclados num look só.

Martin Margiela foi um dos primeiros contemporâneos a brincar com “trompe l’oeil” no início dos anos 90. Gaultier, de quem ele foi assistente, também é fã. E mais uma coincidência fashion: em seguida ao SPFW, a Comme des Garçons batizou sua coleção masculina de Fashion Ilusion, com chapeuzinho do Stephan Jones lembrando festa de criança, sobreposições tipo estranhas e muito macacão. Fosse o contrário, a gente diria que a Maria Bonita tinha “se inspirado”. Neste jogo de adivinhação, o que vale é se divertir. Pois como dizia o dramaturgo Luigi Pirandello, “assim é, se lhe parece”.

Lilian Pacce, Especial para o Estado de S.Paulo

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