Categorias: Moda

Onde os magros não tem vez

24.07.2010

Guardadas as proporções – e inclua nisso a das modelos – o Fashion Weekend Plus Size é como uma semana de moda do calendário brasileiro. Em sua segunda edição, com 20 marcas no line-up, o evento teve início ontem (23/07) e terá seu término hoje, em SP. Lá não são as grandes grifes que desfilam, e sim as que fazem roupas em tamanhos grandes. Por isso mesmo, não existe a pretensão de lançar ou seguir tendências, o que faz com que a moda que se vê ali seja comercial e ponto. “A moda de tamanhos grandes não está organizada como a outra, em coleções apresentadas por temporada. Tive até que deixar de fora grandes nomes do varejo, e chamar os de atacado, pois muitos não tinham suas próximas coleções prontas”, explicou Andrea Boschim, topmodel plus size e uma das que organiza o evento, junto com Renata Poskus Vaz.

As medidas do FWPS são todas diferentes: não há uma modelo sequer que use uma calça tamanho 36, que é a medida para muitas do SPFW. A única coisa com esse número lá, aliás, é a quantidade de modelos do casting, que vão do manequim 44 ao 52. Essa enorme variação entre a numeração das modelos ajudou Blog LP a constatar uma coisa: plus size é um conceito bem flexível. E isso só reforça o que elas acreditam que seja um modelo de mulher. Bianca Raia, que integra o grupo das tops, diz que o grande lance das modelos plus size é que elas não têm um padrão a ser seguido. “Uma aqui tem mais quadril, outra tem mais busto. É como na vida real”, definiu. Isso, sem contar a idade das modelos plus size, que é consideravelmente maior do que a das “modelos magras”, como dizem elas. Se é comum encontrar modelos de 14 anos em agências renomadas no meio fashion, lá foi difícil encontrar uma com menos de 25. “Todas aqui estudaram, completaram a faculdade, são mais inteligentes e maduras do que as outras”, completou Bianca.

Pra elas, é bem melhor ser gordinha do que magra. Celina Lulai começou sua carreira de modelo aos 13 anos, bem magra, mas sem muito sucesso. “Engordei, engordei, engordei e achei que nunca mais ia trabalhar”, contou. Hoje em dia, com 20cm a mais de quadril, é uma das topmodels brasileiras plus size. Outra modelo bem sucedida? Simone Fiuza. Jornalista formada, teve que abandonar a profissão em nome da carreira de modelo. É a demanda (e a maior facilidade pra pagar suas contas) que o novo ofício lhe deu. “Só essa semana, tenho trabalho todos os dias, de modo que só vou parar na próxima quarta-feira”, disse, bem resolvida. E não existe nada nesse mundo que a incomode sendo modelo plus size? “Fazer trabalhos com as modelos magras. Já perdi a conta de quantas vezes não me perguntaram num backstage se eu era a camareira ou a dona da grife”.

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