Entre os desfiles do Brasil Eco Fashion Week, evento de moda sustentável que rola em SP na semana que vem, está a marca da estilista curitibana Francesca Córdova, que vai apresentar sua coleção “Manus” na quinta, 23/11, às 18h. As peças são feitas de tecidos naturais e tecnológicos seda, lãs anti-pilling, fios com elasticidade e de secagem rápida que proporcionam o conforto e praticidade… Pra conhecermos um pouco mais da Francesca e do seu trabalho, a gente conversou com ela – o resultado você confere logo abaixo!
Qual é o propósito da sua marca?
Acredito que a moda tem o poder de transformar e é por meio do que vestimos que nos expressamos pro mundo e pra nós mesmos. Minhas inspirações vêm da observação de comportamentos. Crio porque desejo colaborar, questionar, instigar, propor outras possibilidades pro contemporâneo. Desenvolvo minha marca em seis pilares: valorização dos atributos humanos (o “fazer com as mãos” obedece ao coração, é um processo intuitivo e possibilita que cada peça seja única, que possua sua própria história); savoir-faire (a perpetuação do saber fazer, do fazer bem feito, das técnicas artesanais que fazem parte da nossa cultura e história); o essencial (repensar sobre o que é realmente importante quando consumimos, questionando hábitos de consumo e como isso se relaciona com o ambiente e com os outros);luxo ético (desenhar, fabricar e fornecer roupas de forma a beneficiar as pessoas e minimizar o impacto ao meio ambiente, promover experiências e valorizar a sofisticação simples); tecnologia x afeto (inovações no uso de materiais novos e tradicionais aliados à memória, conforto, respeito e sustentabilidade); artwear
(criações autênticas, onde beleza e funcionalidade caminham juntas).
O que há de sustentável na produção das suas coleções?
Procuro criar peças duráveis, de estética atemporal, com matérias primas de qualidade que atendam às necessidades de usabilidade e conforto. Dentro do possível, dou preferência a fornecedores locais ou nacionais, com intuito de valorizar nossa indústria, gerar renda e diminuir impactos logísticos. Hoje trabalho apenas por encomenda, pra evitar desperdício e otimizar a produção. Estou sempre em busca de aperfeiçoar processos e escolhas de materiais, fabricação e comercialização.
Qual é a ideia por trás de “Manus”?
Manus, em latim, significa mãos. O principal objetivo da coleção é mostrar nossa humanidade, o que nossas mãos são capazes de produzir quando acompanhadas de inspiração, criatividade e paixão. Tenho como referência as artes decorativas, onde beleza e função caminham juntas. A ideia é mostrar que podemos vestir peças handmade e ser contemporâneos. Nesta coleção, escolhi o crochê como ponto de partida. Os modelos são confeccionados organicamente, sem receitas. Não existem peças iguais, o que as tornam verdadeiramente autênticas. A coleção tem um ar de felicidade, uma vontade de leveza e diversão.
O que você espera de resultado do Brasil Eco Fashion Week?
Concordo com [a trend hunter] Li Edelkoort quando, no seu manifesto, relata que pela primeira vez ela não vê a moda na vanguarda das expressões. A moda está passando por um momento estranho. Acredito que o BEFW é uma grande e corajosa iniciativa de fazer diferente, dando visibilidade pra marcas que trabalham em outra realidade. Que, apesar das dificuldades, são repletas de valores e realmente criam produtos e não apenas marketing, demonstrando que existe outro mercado a ser atendido. Que é possível trabalhar de outra maneira. Espero que o evento se torne referência pra uma nova fase, não só da moda, mas também em outros segmentos.
Quais são seus planos pro futuro?
Quero divulgar o artwear. Esta coleção é o início de um projeto maior chamado Manus Movement, que tem como objetivo unir design a diferentes tipos de expressões artísticas e culturais. Tivemos uma primeira experiência muito positiva durante o ID Fashion em Curitiba este ano. Estamos organizando uma próxima exposição para 2018. A meta é ampliar o mercado no Brasil e dar início a exportações. Também ofereço consultoria criativa pra marcas de diferentes segmentos que desejam adotar conceitos do slowdesign em suas metodologias de criação e produção. Ministro palestras sobre autenticidade, marketing ético e anti-tendências.
