Estilistas e influenciadores negros indicam suas marcas preferidas, também criadas por negros!

09.06.2020

Fotos Reprodução

Acima, a editora de moda Luanda Vieira e as criadoras de conteúdo Igi Ayedun e Luiza Brasil. Abaixo, os estilistas Angela Brito, Isaac Silva e Luiz Claudio (da Apartamento 03)

Em meio à pandemia do Covid-19, a sociedade vive um momento de ebulição nas questões sociais relacionadas ao racismo. Protestos estão acontecendo pelo mundo todo e o movimento antirracista se fortalece, escancarando o chamado racismo estrutural. O lado positivo é que esse debate também traz visibilidade para marcas e criadores negros.

Pensando nisso, convidei três comunicadoras de moda e três estilistas brasileiros pra indicarem suas marcas preferidas de criadores negros. São eles: Angela Brito, Igi Ayedun, Isaac Silva, Luanda Vieira, Luiza Brasil e Luiz Claudio SilvaConsumir, divulgar e apoiar o trabalho de pessoas negras também é uma forma de fortalecer o movimento e combater a hegemonia branca na indústria da moda. Confira abaixo!

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Luiza Brasil, do @mequetrefismos, indica a A-Aurora: “A Isabela Suzart elevou o acessório pra algo digno de uma obra de arte. Seu trabalho com a decolonialiedade estética diz muito sobre uma nova geração de criadores e criativos pretos do contemporâneo”

“É encantadora a forma como a Luana Nascimento resgata sua ancestralidade para produzir os acessórios exclusivos da Iloostre. Acompanhar seu processo criativo pelo Instagram (@neyzona) é uma aula. Loo também comanda a @dresscoração, mas não se força a lançar várias coleções,” conta Luanda Vieira, editora de moda da revista “Glamour”

O estilista Isaac Silva também indica a Dresscoração: “Amo a Dresscoração, uma marca perfeita da Loo Nascimento. Além da criadora ser uma das maiores influenciadores negras, ela faz roupas e acessórios inspirados em joias crioula de negras ricas alforriadas”

“Já via o Weider Silveiro nas passarelas antes da minha chegada e sempre achei que ele tinha um olhar forte. Acho importante lembrar e reverenciar os que vieram antes. Se temos espaço hoje é graças à força dos que se apresentaram antes”, destaca Luiz Claudio Silva, da Apartamento 03

“Adoro a Dendezeiro, de dois jovens que têm um trabalho de imagem de moda e uma consciência ancestral muito linda, além da roupa ser maravilhosa e ter uma relação bacana com pessoa, corpo e gênero,” diz Isaac Silva

“A moda da Lane Marinho é sobre poesia, resgate e leveza. É sobre um Brasil que criou poetas como Carolina Maria de Jesus e tantos outros que foram invisibilizados. E o refinamento do trabalho exige um tempo artesanal que é primoroso. Todo o cuidado que se tem, desde a composição de cores até os modelos. Isso é disruptivo até mesmo enquanto pessoas pretas dentro da cadeia de moda brasileira”, conta Luiza Brasil

“O Alexandre dos Anjos tem uma trajetória linda com o design de moda conceitual e uma preocupação ímpar com a materialidade das roupas, que são basicamente instalações vestíveis, construídas a partir da confluência de materiais. É o tipo de narrativa estética muito conectado com o histórico ancestral da produção artística da nossa comunidade”, explica Igi Ayedun do “MJournal”

“Gosto como a designer brinca com os recortes e mescla shapes amplos, volumosos ou retos em suas coleções”, diz Luanda Vieira sobre a Atelier Carol Barreto

“Amo a delicadeza do Diego Gama”, declara o mineiro Luiz Claudio

“Loza Maléombho tem vivências em diversos lugares do mundo, inclusive nasceu no Brasil. Atualmente é sediada na Costa do Marfim e une a tradição da sua cultura à modernidade do design”, diz Angela Brito, que é de Cabo Verde radicada no Rio de Janeiro

Angela também indica a Nkwo: “É uma marca artesanal nigeriana que mistura a alfaiataria tradicional com o jeans upcycling em formas desconstruídas, usando antigas técnicas de artesanato aliadas a novas tecnologias para desenvolver novos tecidos. O lado sustentável e de reciclagem também me cativam bastante”

“A Max Hosa Africa é uma marca da África do Sul. Sou apaixonada pelo fato dela transformar as padronagens tradicionais da sua cultura Xhosa em magníficos tricôs. Amo quando uma marca tem esse link com sua tradicionalidade, mas consegue conversar com o mundo todo”, diz Angela Brito

“Amo o trabalho da Adriana Meira Atelier, que também é grande colaboradora da minha marca. Suas peças são obras de arte”, diz Isaac Silva

Outra indicação da artista multimídia Igy Ayedun é a marca Wales Bonner: “Diferente do processo de recuperação que atravessamos na moda brasileira, ela traz um retrato da evolução do próprio continente e as interrelações com o norte global nesses mais de 500 anos de história colonial europeia. Os materiais, a forma como ela conta o colonialismo por meio da alfaiataria e as extensões têxteis sutis são a síntese da elegância preta. Inspirador.”

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