Brasil, mercado internacional

15.12.1997

Divulgação

Gianni Versace

Os brasileiros vão bem, mas o que dominou o comércio paulista em 97 foi sua consolidação como mercado internacional. O francês Christian Lacroix mostrou um raro desfile de alta-costura em São Paulo, poucos meses antes da abertura de sua butique nos Jardins. Como ele, grandes nomes internacionais jogaram a âncora estabelecendo suas lojas na cidade: Emporio Armani, DKNY, Kenzo, Thierry Mugler, Ermenegildo Zegna e outros tantos. Estava indo tudo muito bem até que a bolsa caiu e o real reagiu. Agora, o mercado aguarda cauteloso o balanço das vendas de Natal e os principais estilistas brasileiros se preparam para o próximo MorumbiFashion que começa dia 10 de fevereiro. Estabelecido como calendário de lançamento de coleções, o Morumbi chega ao seu segundo ano – e tomara que tenha vida longa. Prova de que deu certo são as suas versões criadas no Rio, Belo Horizonte e Salvador, movimentando os profissionais.

Na moda globalizada, alguns brasileiros também conquistaram terreno no exterior. Em Londres, a simpática Library está vendendo Alexandre Herchcovitch (também disponível na Patricia Fields de Nova York). Reinaldo Lourenço, G e Lorenzo Merlino engataram contatos na capital inglesa. Em Nova York, Serpui Marie vende suas bolsas há 5 anos e este ano chegou à Europa e Japão. Também em NY, a Forum acaba de abrir um show-room para oferecer a marca Tufi Duek ao mercado norte-americano e os biquínis Rosa Chá seguem o mesmo caminho.

No vestuário, vimos o salto (stiletto ou plataforma) subir na proporção das saias (mínis e fendadas). As ombreiras voltaram dando o toque anos 80. Os brilhos e bordados trocaram a noite pelo dia deixando tudo mais glitter. O sportswear subiu na passarela: tênis com longos e ternos, roupas de aeróbica e ciclista sob vestidos transparentes. As jóias, sumidas há anos do mundo fashion, voltaram reluzentes e poderosas. E os tecidos surpreenderam mais uma vez, graças aos avanços da tecnologia que mistura todas as fibras em busca de conforto.

Lá fora, a alta-costura despertou como a Bela Adormecida, recuperando seu espaço como laboratório de idéias capaz de superar e suprir o prêt-à-porter. Revigorada, virou notícia com a nova geração. Casas tradicionais estrearam com estilistas de vanguarda: John Galliano para Dior, Alexander McQueen para Givenchy, além de Gaultier e Mugler. Os ingleses dominaram a cena. Tudo estava lindo até que numa manhã de julho, dez dias após seu desfile de alta-costura em Paris, o estilista italiano Gianni Versace é assassinado em frente à sua casa em Miami, marcando o fim da era pop fashion. Além desta, duas outras tragédias abalaram o mundo da moda. Em fevereiro, a morte do fotógrafo Davide Sorrenti (aos 20 anos por overdose) detonou o fim da estética chamada heroína chic enquanto a morte de Diana (no fatal acidente de carro) deixou a lição de que a elegância é possível mesmo sem majestade.

Lilian Pacce para O Estado de S. Paulo

Tags:                                                                          

Compartilhar