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Anna Mouglalis vive Coco Chanel
A França ama a moda, e a moda ama as atrizes francesas. Catherine Deneuve é um dos melhores exemplos dessa relação, grande musa de YSL até o fim da vida do estilista. Foi seguida por Charlotte Gainsbourg – que virou queridinha de Nicolas Ghesquière da Balenciaga -, Marion Cotillard, protagonista da saga cinematográfica das bolsas Lady Dior, e Vanessa Paradis e Anna Mouglalis, musas da Chanel. Anna até ultrapassa o simples “ser musa” e vive o papel da estilista no longa “Coco Chanel & Igor Stravinsky“, com estreia oficial marcada pro dia 20/08, depois de exibições no Festival do Rio e na Mostra de SP em 2009. A atriz bebeu direto da fonte, com acesso total ao universo da personagem e dicas de ninguém menos do que Karl Lagerfeld pra entender mais sobre Gabrielle Chanel. Em entrevista exclusiva pro Blog LP, ela fala sobre a preparação e sua relação de amor com a marca:
Blog LP: Você trabalha com a Chanel desde 2001. Como se deu o convite?
Anna Mouglalis: Logo depois do filme “A Teia de Chocolate”, de Chabrol [Claude Chabrol, diretor], em 2000, Karl Lagerfeld assinou uma edição inteira da “Interview” sobre jovens franceses; haviam atores e músicos e ele me pediu pra posar pra ele. Foi um ótimo encontro, me diverti muito – e fazia muito tempo que o achava um homem muito impressionante. Depois disso comecei a usar roupas emprestadas pela marca em filmes e eventos… Em 2002 Philippe Grandieux me propôs a personagem de uma prostituta russa na Bulgária, que não tinha nada a ver com o estilo da Chanel, pro filme “A Vida Nova“. Mas ele estava ansioso pra conhecer Karl Lagerfeld. Organizamos o encontro e, enquanto Philippe contava a história, Karl começou a desenhar. Terminamos na Bulgária em uma pequena produção com fantasias loucas. Depois de alguns trabalhos em parceria com a Chanel, a casa me propôs encarnar o espírito da marca. Se não fosse pra Chanel, francamente, acho que não teria sido para ninguém.
Como é trabalhar com Karl Lagerfeld?
Descreviam Karl como alguém assustador. Mas quando fotografei com ele pela 1ª vez, ele foi fantástico, me deu uma enorme autoconfiança. É inútil tentar agradá-lo, você deve ser verdadeiro. No fim das contas foi dentro do mundo da moda, que eu achava terrivelmente superficial, que encontrei a pessoa mais erudita, a mais curiosa e mais intuitiva que eu conheço.
Qual é a grande diferença entre atuar e fotografar uma campanha para uma grande maison?
Quando faço as campanhas da Chanel não me consideram uma modelo e sim uma atriz. Amo fazer fotos a partir de um contexto, de uma história que posso reinterpretar.
Sua profissão exige um cuidado especial com a aparência. Qual é seu ritual de beleza?
Beber vinho tinto!
Onde, e em que circunstâncias, você ouviu falar de Coco Chanel pela primeira vez?
Não me lembro exatamente, mas sinto que sempre a conheci…
Ela influenciou seu estilo? Como?
Coco Chanel é a encarnação da elegância, do glamour, do mistério. Essa modernidade dela me seduziu. Amo suas roupas superfemininas, atemporais, as linhas simples que modelam o corpo.
Como se sentiu ao ser convidada pro papel?
Foi uma grande honra, especialmente por conhecer a maison Chanel tão bem.
Que tipo de laboratório você fez para viver Chanel no cinema?
Mergulhei profundamente e sem julgamentos. Passei incontáveis horas em seu apartamento, li todos os livros sobre o assunto, assisti a documentários… Mas nós nunca sabemos o suficiente sobre um papel. Karl me falou muito sobre isso.
Durante o processo, o que você descobriu sobre ela que te surpreendeu?
Chanel era o anjo vingador do século XIX. Ela foi a 1ª punk!
Depois de interpretar grandes mulheres como Chanel, Simone de Beauvoir e Juliette Gréco, que personagem real você gostaria de viver no cinema?
A poeta russa Marina Tsvetaeva.
Quem é o maior ícone de estilo da atualidade?
Coco Chanel, Janis Joplin e Juliette Gréco.
Você tem uma regra de ouro para se vestir bem?
Não existe nenhuma regra.
Qual é o seu clássico preferido de Chanel?
O tailleur de tweed da alta-costura. Sempre atual e tão confortável.
