André Leon Talley solta o verbo e diz: “Estou falido”

30.05.2018

Faz um tempo que não se fala tanto de André Leon Talley. Hoje com quase 70 anos e do alto de seus 1m98, ele já foi o fiel escudeiro de Anna Wintour nas filas A, na época em que era editor da “Vogue” América; mas antes trabalhou com Diana Vreeland no Met e com Andy Warhol na revista “Interview”. Belo CV, não? Agora, com a estreia de “The Gospel According to André“, documentário sobre ele, nessa semana nos EUA, saem diversas entrevistas. ALT sempre foi muito discreto e não era normal ouvi-lo falar de maneira crítica a respeito do mundo da moda – e muita gente o olhava torto justamente por considerá-lo alienado e, trocando em miúdos, puxa-saco. Parece que isso mudou…

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O artigo da Vanessa Friedman do “The New York Times“, por exemplo, fala de racismo. Pra começo de conversa, seu novo caftã, que ele anda usando por todo lado, é de Dapper Dan, que recentemente abriu um novo ateliê com a Gucci. “Queria que as pessoas soubessem o quão orgulhoso estou de um homem negro que finalmente recebeu seu quinhão e respeito do perverso, cruel monstro que é a moda”. No próprio longa, ele fala que uma relações públicas o chamava de “Queen Kong”, fazendo um trocadilho com King Kong (agora ele já diz abertamente que a profissional em questão é Clara Saint, que trabalhava pra Yves Saint-Laurent e também é conhecida por ter ajudado na deserção de Rudolf Nureyev da União Soviética). Talley continua: “Olho ao redor por todo o lado e digo ‘onde estão os negros?’ Acho que a moda tenta contornar a questão e encontra jeitos convenientes de enrolá-la. Existem alguns exemplos de evolução, mas são poucos e raros. O maior sinal de esperança é Edward Enninful se tornando editor da ‘Vogue’ UK, isso é algo extraordinário. E Virgil Abloh assumindo a moda masculina da Louis Vuitton“.

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Ele segue com outras declarações: “Certos amigos me abandonaram. Miuccia Prada foi uma. Éramos muito próximos. Ela é bem tímida, então agora mal fala comigo nos degraus do Met. Karl Lagerfeld é um picareta. Difícil de abordar. Isso é muito decepcionante”. Sobra até pra própria Anna, que deu depoimento pro doc: “Na maior parte dos dias, ela me trata como da família. Sei que ela se importa profundamente. Mas em outros dias, ela me trata como a ovelha negra, o membro da família que foi enxotado, expulso, a ser evitado. Queria que a moda fosse uma zona mais fácil a ser navegada. Ela é como o Ártico: você tem que passar por tantos icebergs. É muito cruel, mas também pode ser muito empolgante”.

E é pra Vanessa que ele também revela suas preocupações com o dinheiro, dizendo estar falido. “A moda não cuida das suas pessoas. Ninguém vai cuidar de mim, exceto eu mesmo”.

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