Que cara você quer dar para suas roupas neste inverno? Quer entrar na “space age” dos anos 60, quer encarnar o espírito esportivo ou quer ver o grunge virar chic? Você é livre para decidir e o melhor é que basta escolher o acessório certo para que tudo se transforme.
Se o acessório tem todo esse poder no seu guarda-roupa, imagine para as grifes em si. Na Fendi, por exemplo, os artigos de couro corresponderam a 60% das vendas (contra 10% das roupas do prêt-à-porter) em 2001. Na Prada, esses números se aproximam, embora os acessórios mantenham vantagem: 43% do total de vendas contra 31% do prêt-à-porter. Ou seja, uma boa bolsa e um bom sapato podem ser uma mina de ouro para quem cria e para quem compra. Esta crença também é compartilhada por Donatella Versace. Com uma boa pele, um cabelo bem cuidado e um sapato incrível, acredita ela, é possível conseguir quase tudo na vida.
E se você quer conseguir quase tudo, invista. Se você se identifica com a tendência mais forte da temporada, pense muito nos anos 60 e na moda futurista criada pelo triunvirato Paco Rabanne, André Courrèges e Pierre Cardin. O próximo inverno tem versões da “moon boot” branca em cano curto na coleção de Reinaldo Lourenço ou ¾, na Osklen, numa coleção focada em esportes de neve como esqui e snowboard. Os metalizados entram forte aqui. Dourado e azul são os tons preferidos para os sapatos dos jovens estilistas André Lima e Lorenzo Merlino – ambos em plena forma nesta estação. Renato Loureiro adota o escarpin baixo, com salto Sabrina, em prata ou vinho com prata, numa combinação impecável. Na Zoomp, a bolsa extra-grande vem em branco e prata – sempre lembrando os sixties. E Renato Kherlakian, dono da Zoomp, promete para breve uma bolsa forrada com tecido de fibra ótica. Ou seja, ao abri-la, a bolsa acende e você acha facilmente seus pertences lá dentro.
Pra quem gosta de bolsa gigante, a Rosa Chá tem um modelo astronáutico em branco com azulão ou vermelho. A Osklen faz modelos menores e com aspecto mais rústico, de tricô de algodão cru. Os ecologistas podem gritar, mas a pele é importante no inverno. Lino Villaventura tem uma bolsa extra-grande com alça curta de couro, enquanto a TNG aposta numa versão mais desestruturada, a tiracolo.
Mais utilitárias são as mochilas, que podem vir em cetim colorido como as de Fause Haten ou com tecido de bolinha (Osklen). Gloria Coelho radicaliza e aciona o botão multifunção: suas mochilas-bolsa também viram blusa.
As pochetes aparecem para desbancar o reinado das mochilas. Grandes e volumosas, elas grudam no cinto e você pode escolher quanto quer carregar em volta da cintura. Fause propõe pochetes para dar o volume das anquinhas a seus vestidos de cetim e renda – de preferência no mesmo tom, como o vermelho. A Ellus aposta em volumes mais discretos, mas também múltiplos e monocromáticos, em pistache e creme. A Zoomp dá a opção: o mesmo modelo pode ir para a cintura ou se pendurar no ombro. Já a Cori aposta em ladies who lunch que não dispensam microbolsas iguais ao sapato, inspiradas nas cores e geometrismos do estilo Memphis – um estúdio criado em Milão no início dos anos 80 por Ettore Sottsass. Alexandre Herchcovitch, estilista da Cori, avisa: “É grande o bastante para levar a camisinha”.
Irreverência e bom humor fazem parte dos acessórios da nova marca da dupla Frankie Amaury, a Madame Fulana de Tal, que tem uma sapa com coroa como símbolo. Voltada para jovens, a Madame propõe uma bolsa de plástico verde com a cara da sapinha. A Cavalera, desenhada por Thaís Losso, não deixa por menos: tem desde Miss Piggy colorida até Audrey Hepburn em preto-e-branco em seus modelos.
O esporte faz parte cada vez mais da nossa vida. Todo mundo precisa dar sua dose de suor diária na academia. Mas fora dali o desejo de conforto e bem-estar continua e o tênis vai a todo lugar. Alexandre Herchcovitch lança cores fluorescentes em modelo retrô, pronto para dançar. Ronaldo Fraga mistura laranja, prata e preto em modelo com velcro. Fause Haten cobre de cristais o Conga básico. E a Coven, que foi a grande revelação dos desfiles do Fashion Rio, cria sapatos vazados de duas cores inspirados na forma do tênis.
Colares, brincos e pulseiras estão em alta. Reinaldo Lourenço usa um pingente único de acrílico vermelho em forma de pied-du-coq. A Triton pendura corações e estrelas, também de acrílico, em correntes grossas. A Forum aplica um pássaro para dar um upgrade em qualquer básico do armário. Walter Rodrigues dá voltas e voltas de pérola negra no pescoço. E Herchcovitch cria um bracelete de ônix, ouro negro e brilhante que é tudo de bom.
Lilian Pacce
