Moda ecológica tipo exportação

27.05.2008

Divulgação


Bolsa feita de lona reciclada, um dos destaques da primeira coleção

Criada há menos de um ano, a Tuitá vem conquistando o mercado externo com sua linha de roupas, calçados e acessórios confeccionados em parceria com ONGs, projetos sociais e empresas que utilizam apenas matéria-prima ecologicamente correta (leia-se, fibra de bambu, jutas, pneus, lonas de caminhão recicladas e algodão orgânico). Atualmente, 40% dos produtos da marca, criada por Kátia Dotto e Guilherme Gargantini, se destina aos EUA e Japão. Já os outros 60% da produção estão voltados para as lojas multimarcas e os dois pontos-de-venda próprios – um no Rio de Janeiro e outro em São Paulo – previstos para abrir em setembro. Em entrevista ao blog LP, a diretora de produto da grife, Andréa Freitas, conta um pouco mais sobre a criação da Tuitá, suas parcerias e sobre a capacitação de mão-de-obra que a marca está promovendo em entidades pelo país. Confira:
Blog LP: De onde vem o nome Tuitá?
Andréa : Significa “gente”, em tupi-guarani.
Blog LP: Como surgiu a idéia de criar a marca?
A: O Guilherme Gargantini, fundador da marca, tinha uma loja no Shopping Ibirapuera, a Yellow Pot. Lá, eles trabalhavam com acessórios de lona reciclada, mas vendiam algumas peças de couro e produtos cujos processos de fabricação não eram tão ecológicos assim. Muitos clientes ficavam em dúvida sobre o uso de pele animal e esses processos duvidosos. A demanda dos consumidores por uma grife mais comprometida com questões ecológicas e sociais foi que nos deu a idéia, em maio de 2007, de criar a Tuitá.
Blog LP: Vocês trabalham em parceria com ONGs e cooperativas na produção das peças que são comercializadas. Qual é o papel delas nessa estrutura?
A: A nossa intenção inicial era absorver as coleções desenvolvidas pelas entidades parceiras. Porém, reparamos que para muitas delas falta maquinário, treinamento da mão-de-obra e estilismo. Por isso, desenvolvemos, antes de tudo, um trabalho de capacitação desses grupos para que eles possam caminhar com as próprias pernas e criar suas próprias coleções. Não queremos monopolizar as ONGs. Queremos que elas também sejam capazes de produzir para outras marcas.


As bolsas da Tuitá apresentam desenho atual, como essa em matelassê 

Blog LP: Mas vocês compram o produto pronto, com design das próprias ONGs ou vocês é que criam e eles apenas produzem?
A: Geralmente convidamos estilistas para desenharem as coleções, que, assim, serão produzidas pelas ONGs. Mas temos casos como a ONG Mães da Sé. Nós revitalizamos a sede delas e oferecemos um curso para que criassem uma coleção de camisetas. E não são camisetas que você compra só para ajudar uma entidade, não. São peças bonitas, com bom acabamento, que serão vendidas tanto nos nossos pontos-de-venda quanto na sede do grupo.

Blog LP: Quais são as peças-chave dessa coleção?
A: Essa é a nossa primeira coleção, que ficou mais focada nas bolsas, sapatos e acessórios de lona reciclada. Para a próxima temporada, pretendemos lançar uma linha de camisetas e jeans orgânicos. Para a produção dos jeans, que exige uma estrutura maior, trabalhamos com fábricas e empresas mais equipadas. Essas, para serem nossas parceiras, precisam atender alguns requisitos. Por exemplo: o algodão utilizado na produção dos tecidos deve vir de uma plantação orgânica, ou seja, livre de agrotóxicos e processos de contaminação do solo e do meio ambiente. Na lavagem dos jeans também não se utiliza produtos químicos… E não pára por aí. A relação da empresa com seus funcionários também é avaliada. A empresa tem que ter uma política de total respeito ao seus trabalhadores.


Mala de viagem de lona reciclada será vendida em aeorportos e no exterior

Blog LP: E vocês também trabalham com uma espécie de doação compulsória por parte dessas empresas?
A: Sim. Todos os fabricantes que trabalham com a Tuitá contribuem com R$ 0,50 sobre cada peça produzida. É um processo diferente do adotado por muitas marcas. Geralmente, elas destinam uma porcentagem dos lucros obtidos sobre peças vendidas. Ou seja, se a grife não vender nada na loja, ela não repassa nada. Aqui, não. Aqui nós descontamos o valor direto no fabricante, que tem que ter esse comprometimento. De cada peça que sai de lá, eu pago R$ 0,50 a menos. E esse dinheiro é destinado às ONGs e entidades filantrópicas.

Blog LP: Onde encontrar a Tuitá?
A: Atualmente, cerca de 40% da nossa produção é destinada aos EUA e Japão. Em setembro, pretendemos abrir uma loja no aeroporto Santos Dumont, no Rio, e outra no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Não temos planos ainda de abrir uma loja de rua ou dentro de um shopping, mas em breve estaremos na Francal (Feira Internacional de Calçados, Acessórios de Moda, Máquinas e Componentes) com a expectativa de começar a trabalhar com lojas multimarcas. Mas, todo esse processo será muito bem estudado, já que nossa estrutura de fabricação é diferenciada. Não posso me comprometer a entregar, por exemplo, cinco mil bolsas, sendo que as ONGs não dão conta dessa produção. Nem é a nossa intenção sermos tão grandes. O que a gente quer é que todo mundo possa sair ganhando.

Para saber mais sobre a marca, acesse www.tuitabrasil.com.br.

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