Produtos Tintin chegam ao Brasil

08.05.1998

A febre entre as crianças são os personagens da Looney Tunes (Piu Piu e Taz), mas para os adultos de gosto mais apurado, loucos por uma boa história de aventura, o personagem Tintin é uma daquelas lembranças da infância que ficam ainda mais saborosas com o tempo, pois Tintin é dotado de uma sofisticação que se valoriza com o amadurecimento. Essa sofisticação aparece também nos produtos da marca, antes disponíveis apenas em algumas cidades da Europa e do Japão, que acabam de chegar ao Brasil pela loja Programa Infantil, autorizada exclusiva no país.

Segundo Claudia Ribeiro, proprietária da loja, adquirir os direitos de representação foi uma aventura tão complicada quanto as histórias do personagem criado pelo belga Hergé (pronúncia em francês das iniciais invertidas do autor, Georges Remi). Foi só depois de apresentar os números de venda de outras marcas que Ribeiro ganhou o ok da Fundação Hergé: “O Brasil é o terceiro mercado da Warner, atrás apenas dos Estados Unidos e da Inglaterra”, conta Claudia, que vende também artigos da Looney Tunes, Disney e Cartoon Network.

Embora ainda não tenha a linha completa de Tintin, a Programa Infantil conta um sortimento de artigos cujos temas são as histórias “Ceptro de Ottokar”, “Tesouro de Rackham, o Terrível” e “O Templo do Sol”. Há nove modelos de relógio (cerca de R$ 140), dezesseis modelos de meia (R$ 19), onze de camisetas (R$ 40), bandana (R$ 45), guarda-chuva (R$ 120), necessaires (de R$ 32 a R$ 36), mochila (R$ 95), tapetes (R$ 290 e R$ 380) e jogo de toalha (R$120), além de louças, papelaria, fitas de vídeo, livros e CD-Rom. Os preços superiores aos da concorrência são reflexo da qualidade de seus artigos, que apresentam design e acabamento superiores, tornando-os mais clássicos e nada descartáveis.

Tintin, cujos desenhos são transmitidos diariamente pelo Cartoon Network, foi criado por Hergé em 1929 para o suplemento infantil do jornal belga “Le Vingtième”. As primeiras histórias (No País dos Soviéticos, Tintin na África, Tintin na América e Os Charutos do Faraó) trazem clichês conservadores e paternalistas de um autor distante da realidade dos locais retratados. Mas em 1936, ao anunciar sua história sobre a China, Hergé recebe uma carta do jovem estudante TChang-TChong-Jen alertando-o para a imagem distorcida que estava divulgando de outros países e propondo-lhe que pesquisasse mais profundamente os temas de suas aventuras. Grato até sua morte a TChang-TChong-Jen, Hergé (1907-1983) homenageia-o em histórias como “Tintin no Tibet” e acaba montando um centro de pesquisas, que tinha entre seus assistentes Edgard Pierre Jacobs (de Blake e Mortimer).

Traduzido em mais de cinquenta línguas, o repórter Tintin é o jovem herói das 24 histórias deixadas por Hergé. Sempre acompanhado pelo cachorro Milou, Tintin se envolve em aventuras misteriosas onde seu faro de detetive e sua coragem o ajudam a enfrentar as forças do mal. “As Jóias de Castafiore” está entre as melhores histórias (1963) e “Explorando a Lua” (1954), entre as mais vendidas (mais de 5 milhões de exemplares).

Lilian Pacce para O Estado de S.Paulo

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