Martin Parr abre sua maior retrospectiva na América Latina, a “Parrtificial“! Em cartaz no MIS, é composta por 244 imagens, sátiras da nossa sociedade atual, com curadoria de Iatã Cannabrava, organizador do festival de fotografia “Paraty em Foco“. Imperdível!
Presidente e membro da agência Magnum desde 1994, Parr captura com ironia os paradoxos que vivemos num mundo obcecado pelo consumo com temas como viagens, comida ou ainda relacionamentos – como atesta a sua série “Bored Couples” retratando casais que, entre tédio e indiferença, perderam “o brilho nos olhos”. Com um típico humor inglês, Parr não hesitou em colocar uma foto dele com a mulher entre os outros casais! Outro destaque, a sala “Bookshop“, nos leva a descobrir a prolífica carreira de Parr como curador, pesquisador e colecionador. Ali estão reunidos uma pequena parte dos 90 livros publicados sobre a sua obra. O próprio fotógrafo tem uma coleção pessoal de mais de 12.000 fotolivros e já publicou várias obras sobre o assunto!
De todas suas exposições, essa é a mais imersiva: entramos de cabeça nas explosões de cores saturadas, características de sua obra, conquistadas com um potente flash. Sem usar Photoshop e outros filtros, ele se recusa categoricamente a modificar suas fotos após o clique. Depois da gente se perder no “Parr’s Labyrinth“, a área da expô que tira um sarro do lado kitsch da indústria do turismo, o encontramos em meio a um cenário montado de praia com direito a areia e baldes de plástico, pra falar sobre sua carreira e feiras de arte – a dois meses da SP Arte Foto começar. Confira:
Por que você escolheu o Brasil? É a sua 1ª vez aqui?
Não, já estive no Brasil 8 ou 9 vezes mas é a minha 1ª exposição num museu latino-americano. Gosto muito da América Latina. Não só Brasil mas também Argentina, Peru etc. Mas conheço muito bem o Iatã [curador da exposição] e foi ele quem sugeriu de fazermos a exposição aqui.
Por que você decidiu trabalhar com a galeria Lume?
Porque queria ter um verdadeiro marchand no Brasil e eles tinham cara de ser legais! Eu os conheci pelo [fotógrafo] Claudio Edinger, então parecia que ia dar certo.
Vimos várias exposições suas no exterior como “The Chinese Photobook” na Photographer’s Gallery de Londres, “Grand Paris” na MEP e “Food (& other series)” na galeria Kamel Mennour em Paris. E essa é a sua exposição mais imersiva até agora, conta um pouco sobre ela.
Decidimos fazer a exposição e a Caterina [parceira de Iatã] foi nomeada como designer. Ela pensou em alguns conceitos dos quais gostei, então fomos adiante! Sempre fui interessado nas diferentes formas de apresentar o meu trabalho, diferentes ideias…
É como se estivéssemos na sua cabeça de alguma forma.
Sim, é isso!
Você acha que a sua próxima exposição vai ser tão imersiva também? Você acha que isso é uma boa fórmula que vale ser repetida?
Aprendo o tempo todo. Vamos ver se isso funciona, mas gostei muito da ideia. Claro, também não quero fazer a mesma coisa o tempo todo e acabar me repetindo.
Temos cada vez mais museus privados ao redor do mundo e você é dono de uma coleção de mais de 12.000 livros sobre fotografia. Já pensou em abrir seu próprio museu?
Penso eventualmente numa fundação. É algo que tenho em mente, mas ainda não cheguei lá.
Você é artista, colecionador e curador. O que você acha da importância crescente das feiras de arte hoje em dia?
Acho que as feiras de arte fazem parte integral do processo de venda, então fico feliz em saber que galerias levam as minhas obras pra lá. Sou totalmente a favor.
E o que você acha da Paris Photo?
Paris Photo não só é uma grande feira de arte especializada em fotografia como um lugar de encontro de toda a comunidade fotográfica.
Qual série das fotos expostas aqui é a sua predileta?
Olha, fiz muitos trabalhos na Grã-Bretanha. Então talvez seja o trabalho com o qual eu tenha mais conexão porque adoro fotografar o meu país. E conheço o tema muito bem! (Risos)
Sim, vimos as suas fotos em preto e branco em Brighton. Mas estamos curiosos pra saber no que você está trabalhando atualmente!
Estou fazendo um livro sobre a Universidade de Oxford na Inglaterra. Ainda estou clicando as fotos, o livro está programado pro ano que vem.
“Parrtificial”, retrospectiva de Martin Parr
Até 24/07, de terça a sábado das 12h às 21h; domingos das 11h às 21h
MIS-SP: av. Europa, 158, Jardim Europa, SP
(11) 2117-4777
R$ 6 (inteira) ou R$ 3 (meia)
Carolina Cataldi Pedrosa, infohunter do site Lilian Pacce
