Pra ouvir: o rap feminista de Anita Tijoux

13.10.2014

Se mulheres no rap te lembram Nicki Minaj e Iggy Azalea, pense novamente e ouça Anita Tijoux. A rapper chilena tem um estilo único – suas músicas utilizam elementos étnicos da América Latina e suas letras (“1977” e “Vengo”, por exemplo) abordam temas como política e feminismo. Blog LP conversou com Anita em sua passagem relâmpago pelo Brasil (ela se apresentou na 8ª edição do Festival Contato, em São Carlos, ao lado de Miss Bolivia e Karol Konka – outras representantes da música sul-americana). Confira abaixo e ouça mais aqui!

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Você cresceu na França e agora está morando no Chile. Como os dois países influenciaram sua música? 
Faz toda a diferença – define tudo, até a comida que como. Todos os sabores que podemos ter! No fim do dia, a música que ouço e o que acabo gostando influencia… Tive a chance incrível de poder estudar com crianças como eu [de diferentes culturas], que vinham da África, e ouvi muita música do Marrocos, por exemplo. E claro, ouvia muita música latina por causa dos meus pais. É uma mistura muito interessante: música africana, latino-americana e world music.

Seu passado é ligado com política – seus pais saíram do Chile durante a ditadura de Augusto Pinochet – e o feminismo é sempre presente em sua música. Como é sua relação com esses assuntos?
Pra mim é muito natural, não é algo pensado. No fim, escrevo canções sobre o que falo durante o dia, não é diferente – não sou uma pessoa no palco e outra fora. Você não precisa ser um superacadêmico ou filósofo pra ser sensível ao que acontece ao seu redor. E todo país tem problemas – problemas absurdos! Pra mim, é maravilhoso ter essa ferramenta que é a música e a voz pra transmitir uma mensagem e dialogar com pessoas, da mesma maneira que, como público, ouço música de outras pessoas que me emocionam. É uma cadeia alimentar: escritores e música.

O que você acha de ícones da cultura pop se declarando feministas?
Pra mim, como público, todo vídeo pop e mainstream supervaloriza o corpo das mulheres. Eles nos mostram como pedaços de carne. Acho que é bem contraditório – temos que ser muito cuidadosas em como mostramos nossa imagem, tomar consciência disso. Qual é a maneira que queremos que o mundo nos veja? Primeiro com o corpo? Não há nada mais violento que o corpo de uma mulher em videoclipes, por exemplo.

Suas músicas utilizam diversos elementos da América Latina, como as flautas uruguaias. Quais são suas principais influências?
Desde muito tempo queria experimentar com música latino-americana, e foi muito natural colocar esse tipo de fundo com minha música. Acho que é uma investigação que está continuando, até hoje – ainda estou nesse humor!

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