Raquel Zimmerman cruzando a passarela como uma mulher-andróide no começo do desfile dá a entender que o inverno da Animale é forte e poderoso. Mas, por baixo de casacos e calças ajustadas, que trazem uma representação estilizada da musculatura graças a um trabalho de relevos localizados, se escondem vestidos fluidos e frágeis. E isso tem tudo a ver com proposta de Priscila Darolt, estilista da grife, para a temporada: criar roupas que protejam o frágil corpo feminino. E já que o assunto é feminilidade, a lingerie inspira blusas com barbatanas, criando volumes estruturados. As saias e shorts são curtíssimos e cedem espaço para as calças de couro, cujas costuras foram trocadas por zíperes. Destaque também para os tricôs misturados com fios naturais e tecnológicos e principalemente para os tecidos termo crômicos, que mudam de cor em contato com a temperatura. A cartela de cores é sutil: rosa, lilás, bege e cinza, pontuados pelo amarelo post-it. Os metalizados em azul, verde e furtacor se destacam e dão à apresentação um visual levemente futurista.
Glauco Sabino
