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Prada – Milão primavera-verão 2012

22.09.2011

Sabe aquela máxima – sexista, inclusive – que diz que homem gosta de mulher e futebol? Pois Miuccia Prada se inspirou em “Donna e motori” (mulher e carro), a versão italiana da máxima, mas o que ela quis mesmo foi trazer a “doçura” de volta nessa coleção de primavera-verão 2012 na Semana de Moda de Milão. A pergunta é: “A mulher se sente obrigada a ser doce? Ou é uma escolha?”. Miuccia, que estudou sociologia antes de herdar a fábrica de bolsas da família, nunca faz uma coleção “inocente” – sempre existem camadas de significados ali.

Tudo indica que ela está apresentando mulheres-objeto na passarela: a barriga de fora, o body pin-up, a saia lápis kitsch com uma imagem de carro à Hot Wheels, a profusão de penduricalhos (colar, cinto e brincos) tipo “ganhei do sugar daddy“. Mas isso é uma crítica, ou é uma sugestão? A imagem é de uma improvável amante intelectualizada de saia rodada, graciosa em suas rendinhas, bordadinhos e azul fusquinha (Miuccia diz que é o azul Cadillac), e tudo no diminutivo de maneira pejorativa, mesmo. A palavra-chave é sempre “ironia“: se apoderar desses símbolos sabendo o que eles significam os esvazia, e até os ressignifica.

vulgaridade é coolElvis em Las Vegas é cool – o 1º rei do showbusiness, que podia ser promíscuo mas contraditoriamente queria uma mulher virgem e de família como esposa. Prada destila/inventa o neocamp. E fica o recado da estilista pra quem acha que ser fofa é um defeito: “A palavra ‘doçura’ é um tabu tão grande. Por que as mulheres precisam ser tão agressivas?”. Antes ser irônica…

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