Desconstruir para reconstruir é a ordem da Mara Mac para o próximo verão. Sem perder a aura nonchalante tipicamente carioca que faz sua fama, a estilista evoca catástrofes naturais para encher de fendas, vazados e geometrias estratégicas peças de linhas limpas e apuradas. O cenário é vermelho fogo – talvez o da lava dos vulcões que andam espocando mundo afora -, com caixas suspensas que, catastroficamente, despencam no meio da apresentação – calma, era tudo calculado – para dividir os blocos do desfile. No primeiro, brancos, manchados e respingados de preto – vazamento de petróleo no mar, anyone? -, tecnológicos, mas que dividem espaço com outros materiais mais orgânicos e artesanais, como os tricôs esgarçados, crus, desconstruídos (ou em construção) e delicados linhos em tons de verde “energético” – os da nossa castigada natureza, sem dúvida. A trilha, suave, vai ficando suja no decorrer das entradas, até cair num samba metal que, ao final, dá lugar ao hino oficial do Rio: “Cidade Maravilhosa” cantam as modelos, confortáveis em vestidos esvoaçantes, calças e shortinhos relaxados, a cara da Mara Mac, a cara do lifestyle carioca, com uma pitada artística. Mais do mesmo, afinal. (Sylvain Justum)
