O novo nome da Casa de Criadores que você quer ver

29.03.2016

Iarocheski se fala “iaroxésq” mesmo e é o sobrenome de origem polonesa de Lui, estilista de 26 anos formado em moda pela UDESC de Florianópolis que já ganhou concurso na Áustria (do “Not Just a Label“, na categoria voto popular) e já desfilou na Semana de Moda de Vancouver. Uau! E isso com apenas uma coleção, viu? Foi a 1ª de Iarocheski, resultado do trabalho de graduação dele, que se desdobrou e ganhou o mundo em 2015. Mas tem coisas muito bacanas sobre o Lui pra além de todo o arrojo das passarelas: a marca é preocupada com desenvolvimento da economia local e procura um jeito novo de pensar e fazer moda. Quer entender melhor? Vem conferir a entrevista que fizemos com ele!

Você sempre quis trabalhar com moda?
Na verdade não. Antes de moda, fiz um ano de Relações Internacionais na faculdade, mas tudo o que eu fazia de trabalho era voltado pro mercado de moda. Aí comecei a pensar que um curso na área poderia ser mais abrangente, porque eu queria trabalhar em pesquisa de mercado, entender o comportamento de consumidor. Mudei de curso e tive uma experiência de intercâmbio na Suécia de 6 meses na melhor faculdade de moda de lá, e ela me deu uma nova visão do que era moda, num viés mais artístico. Acabei voltando pra cá certo de que ia trabalhar com criação!

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Por que você acha que seu trabalho deu tanta repercussão internacional, mesmo numa marca pequena?
Acho a rede de contatos com pessoas de fora que eu mantinha ajudou, mas o trabalho também destoa do que é feito aqui, é mais artístico.

Dá pra ver que a moda da Iarocheski tem uma pegada agênero, né?
Olha, sempre penso mais na peça em si do que em quem vai vestir quando estou criando, e acho até que a expressão masculina acaba mais forte de maneira natural, só que acabamos decidindo não definir entre moda feminina ou masculina. Clientes mulheres chegam, experimentam a roupa, acham que vestiu bem e encomendam… Ao mesmo tempo a gente não quer apelar pro agênero, no sentido de não querer nos ater a uma tendência apenas, nos transformando em um estereótipo.

O que mais caracteriza a sua marca, então?
A gente produz tudo internamente, é uma marca pequena que não terceiriza, e o processo criativo é bem intuitivo, bem diferente do acadêmico – eu raramente desenho. Na maior parte das vezes a roupa é modelada no corpo.

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Quais tecidos vocês costumam usar?
Pra 1ª coleção a gente desenvolveu um material têxtil feito de corda de algodão, e na próxima que vamos mostrar na Casa de Criadores queremos puxar fornecedores do nosso estado, então vamos usar tecido daqui. Temos preferência por fibras naturais como algodão, linho e seda – e como a seda não tem em Santa Catarina fomos buscar perto, no Paraná. Estamos trabalhando com o Casulo Feliz, que usa casulos descartados, com defeito, ou principalmente de bicho da seda que rompeu o casulo [a seda comumente usada no mercado é feita com o casulo fervido e não rompido, num processo que ferve o bicho dentro e o mata].

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Você já trabalha com um sistema de entrega sob encomenda no seu ateliê. O que você acha do “see now, buy now“, que é o assunto do momento?
O sistema tradicional de moda está em crise. Quando começamos a marca, a gente já decidiu que não queria jogar mais lixo no mundo, mais roupa por nada; que queríamos pensar e trabalhar diferente, com esse sistema de “just in time“. Inclusive o nosso grupo quer incentivar novos criadores a trabalhar do mesmo jeito: no nosso espaço, que a gente chama de A Oca, desenvolvemos uma estrutura e uma equipe que põe a mão na massa e é nosso interesse dividir isso com outras marcas novas que não competem diretamente com a Iarocheski, que complementem a oferta, o mix. E sempre pensando nesse desenvolvimento do mercado local como um todo e na sustentabilidade!

Quais são as expectativas pro desfile em SP?
Estou ansioso. É uma chance legal de mostrar a capacidade técnica e criativa do nosso ateliê!

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