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FH por Fause Haten – SPFW outono-inverno 2011

01.02.2011

Se a temporada internacional foi calcada em Yves Saint Laurent, Fause Haten pegou uma referência que não é de passarela pra criar em cima disso. E se deu muito bem: em cima do clássico “A Bela da Tarde”, protagonizado por Catherine Deneuve e com figurinos by YSL, o estilista criou uma coleção muito elegante. A peça-chave é o último vestido do filme, um pretinho com golinha branca recatadíssimo da personagem de Séverine (uma burguesa entediada que vende seu corpo enquanto o marido trabalha). Ele se desdobra em linhas A e I, ganha transparências, pelos, babados, brilhos, calça curta de cintura alta – um dos mais bonitos é um modelo em linha A camelo. Em alguns momentos, é como se Séverine assumisse sua sexualidade agressiva e deixasse a repressão de lado, usando um decotão. E o sapato, que no longa é um Roger Vivier que de tão marcado pelo filme foi batizado Belle Vivier, virou uma babuche de salto alto invertido tipo Theyskens na Nina Ricci.

Se a inspiração era Buñuel, o clima lembrou Lynch. Com trilha sonora tensa e entrecortada, as modelos, todas de peruca loiríssima à Deneuve, iam sentando na frente do pit dos fotógrafos, como uma plateia. Quando todas estavam sentadas, a gente ouviu 3 toques de campainha e foi brindado com uma coreografia de balé contemporâneo assinada por José Possi Neto, a “O Piano”, parte do espetáculo “Marta”. Teve muita gente que achou desnecessário. Blog LP, que estava achando o dia tão sem graça, aproveitou pra oxigenar o cérebro e entender melhor as informações que Fause jogou ao escolher essa coreografia pra fechar a apresentação. A mulher dominando o homem com sua força sexual? Repressão sexual masculina? São muitas as interpretações possíveis. Assim que a gente gosta. (Jorge Wakabara)

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