As notas que foram entregues pela assessoria de imprensa na sala de desfile informavam que a marca havia feito uma parceria com Hello Kitty. Não fosse Fernanda Yamamoto a estilista, poderia ter sido uma coleção tolinha. “A Hello Kitty não aparece estampada numa camiseta” disse Fernanda, indicando que a famosa personagem não estava nas roupas de maneira literal, com atitude infantil ou finalidade comercial. A gente sabia. Assim como é comum ao trabalho da estilista, na estamparia desenvolvida pela ilustradora Iamana a figura apareceu toda trabalhada no conceito – uma vez reproduzindo o pão feito na torradeira que deixa a marca da Hello Kitty, com tons amarelados; a outra misturando sua figura com tons verdes a partir de uma construção feita com stencil, café e farinha. Mas o destaque ficou no (sempre bom) trabalho artesanal, que estava ali fazendo referências a natureza com a linha de costura enrolada em cordões, que se espalhavam pelas roupas como raízes em bordados sobre vestidos de recortes orgânicos. Também no trabalho de superfície feito do emaranhado de linhas; e no outro, em que metros e mais metros de linha de costura foram aplicados, lado a lado, sobre uma entrela. Com shapes de proporções mais possíveis de usar, ela mostrou looks com um mix de tecidos que incluiu seda, crepe, sarja e camurça, em uma cartela de cores predominantemente earthy. Fez bem, mas com uma edição faria melhor. (Antonia Petta)
