Casa de Criadores dia 2: visões do futuro

28.11.2018

E o futuro, a quem pertence? No segundo dia dessa 44ª edição da Casa de Criadores, estilistas dão, direta ou indiretamente, as suas versões. A gente começa pela Cajá de Gabriela Cajado, uma marca promissora que mistura o trabalho manual de tramas com uma atitude street. Na temporada passada, Gabriela se apresentou via projeto Lab, porta de entrada dos novos talentos na CdC, e agora já vai pro line-up oficial com coleção mais extensa – um desafio e tanto, já que ela teve cerca de 3 meses pra fazer algo novo depois de uma primeira coleção depurada em cima de todas suas referências até então. Mas sabe quando o limite desperta a criatividade? A estilista não gosta da palavra “usável”, mas reconhece que o resultado é esse. Boa lycra, uso de cores muito bem colocado, moda com personalidade mas que pode cair no gosto de um público mais amplo. Gabriela fala nesse desfile da “mulher do futuro” – cis, trans, negra, branca, asiática, gorda, magra, alta, baixa. E deixa claro no casting que faz moda pra todas elas. Como a mulher do futuro se veste? Com muito branco, muito neon, referências esportivas e toques artesanais com uma cara contemporânea.

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E o afeto, como anda? Essa questão também passa por aqui, à necessidade de afeto. Diego Gama, do projeto Lab, se inspira em ecossistemas afetivos, considerando que tudo que coexiste precisa do outro. Elementos da natureza: desde uma estampa digital que remete às ranhuras do tronco até a cara orgânica dos sapatos com látex, passando pela estampa-carimbo com placa de metal lembrando colônias de bactérias e franjas-pelos de barbante. O ápice é a cabeça-planta e a roupa inteira planta no final. “Não é sobre pessoas, homem ou mulher. É sobre seres”, ele explica, contando também sobre seu atual processo de modelagem. Ele tira as formas a partir do registro de pessoas abraçadas e embaladas com plástico filme e fita adesiva!

Mais afeto: Rafael Caetano ia ter crianças participando do seu desfile, mas de última hora não pôde trazê-las. Mas a ideia dele, baseada no disco novo de Marina LimaNovas Famílias“, é falar sobre isso: a família do futuro (presente, né?), principalmente do ponto de vista dos casais homossexuais. É uma coleção mais solar e diurna, com menos de brilho e muito tecido com fibra natural. Destaque pro moletom “Criança viada”; pra bolsinha Kit Gay, uma graça; e pros cachorros que pintaram nos braços dos modelos. Pais de pet, uni-vos!

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Na Också não existe exatamente uma inspiração: Igor Bastos Crivellaro segue sua pesquisa de modelagens e peças unissex, mas agora elas ganham um aspecto mais solar com a entrada do amarelo na cartela de cores. Um futuro com esperança? No styling de Yumi Kurita, máscaras e óculos sugerem proteção pra um ambiente hostil.

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Alex Santos e Van Loureiro, do projeto Periferia Inventando Moda, também pensam nesse ambiente hostil misturando o clima árido do Nordeste com a cinessérie “Mad Max” – tem até Tina Turner cantando “We Don’t Need Another Hero” na trilha. Do we? O futuro é distópico. Ou seriam vários os futuros? Veja mais na galeria (Jorge Wakabara)

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