A moda virou palavra mágica

19.01.2002

Moda virou palavra mágica. Hoje é um valor agregado cobiçado por qualquer produto, profissão ou cidadão. Estar ligado à moda conota um ser especial, valorizado pela sociedade e pela mídia. E um dos melhores termômetros para medir essa popularidade são as novelas da TV Globo. Nesta segunda-feira estréia “Desejos de Mulher“, de Euclydes Marinho, marcando a terceira novela consecutiva no horário das sete que está ligada ao tema. E a festa de lançamento de “Desejos de Mulher” vai ser amanhã, logo depois dos desfiles de jovens estilistas escolhidos pelo Projeto Lab, evento que abre a Semana de Moda Casa de Criadores que mostra as coleções para o outono-inverno 2002 de dezoito marcas, num galpão próximo da Ceagesp.

Hoje no MorumbiShopping, em São Paulo, acontece a primeira eliminatória do maior concurso de modelos já promovido aqui. Chamado “Top Model“, o concurso é uma realização do programa “Fantástico“, com apresentação de Zeca Camargo. A vencedora terá um contrato com a agência Mega, um ensaio fotográfico para o site “Paparazzo” e uma participação na própria novela das sete. Ou seja, essa garota anônima, que pode ter entre 14 e 20 anos, vai se tornar uma estrela da noite para o dia, com sua conta bancária aumentando os dígitos em progressão geométrica. É o sonho de Gisele Bündchen na cabeça de toda esta geração.

Das 20 mil inscritas apenas setenta estão sendo selecionadas para as sete eliminatórias. Das setenta, catorze vencedoras passarão para a segunda fase, e receberão como prêmio um contrato com a agência Mega. Ou seja, são 1.428 candidatas para uma dessas 14 vagas – um recorde. Uma pesquisa recente publicada pela revista “Veja” mostrou que o cargo mais concorrido era o de técnico judiciário do Tribunal Regional Federal de Brasília (1.120 candidatos por vaga), seguido de trainee para a montadora Ford (730 por vaga) e da finalista do Riachuelo Mega Model (670 por vaga), que é aquele concurso também de modelos, organizado pela mesma agência do Top Model da Globo, que parou a avenida Cidade Jardim no final do ano. A vencedora do Top Model será escolhida dia 24 de março, no Rio de Janeiro.

Amanhã cinco estilistas/marcas novíssimos – Karlla Girotto, Yoo Kim, MG5, Simone Mina e Simone Nunes -, que estão começando a batalhar por um lugar ao sol, terão todos os holofotes sobre eles. É que algumas atrizes de Desejos de Mulher não só vão estar presentes para a festa como vão desfilar para eles. A atriz Mel Lisboa, que interpreta a modelo Gabriela, desfila para Simone Nunes. Chris Couto, que interpreta a produtora de moda Sophie, desfila para a MG5. Luiza Mariani (que será a modelo Shana) pisa na passarela para Simone Mina. E a top-que-virou-atriz Sílvia Pfeifer (que será Virgínia, dona da agência de modelos Classy) participa da performance do estilista Tony Jr., que abre a noite.

A novela tem ainda Regina Duarte (Andréa Vargas) no papel principal como estilista e irmã de Glória Pires (Júlia Moreno), que será jornalista da revista de moda “Estilo Mulher“, que é dirigida por Vera Holtz (Bárbara Toledo). Logo no primeiro capítulo, Andréa Vargas vai receber o Prêmio Moda Brasil de melhor estilista, que reproduz o formato do Prêmio Abit Fashion Brasil. As cenas são quase reais: estão lá Paulo Skaf (presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil), Paulo Borges (organizador da São Paulo Fashion Week) e vários estilistas como Ronaldo Fraga, Tufi Duek e Lenny Niemeyer.

Para vestir personagens tão fashion, Emilia Duncan foi convocada pelo diretor Dennis Carvalho, com quem já havia trabalhado em “Um Anjo Caiu do Céu“: “Numa novela em que um anjo vem do céu, não havia muito compromisso com as questões verossímeis da vida. Então, soltei minha imaginação. Mas em ‘Desejos de Mulher’ o prazer é outro. A novela fala de moda como indústria, como poder de formar e informar, como um assunto que gera milhões de empregos e envolve milhões de interesses. Então, resolvi valorizar o profissional da moda, do estilista ao modelista, passando pela costureira”, diz Emilia, que conta com a colaboração do stylist Sandro Barros. Segundo Euclydes Marinho, “a moda é uma indústria fortíssima em qualquer parte, talvez só com diferenças que respeitem as características culturais”. E como sua história pretende tratar dos desejos femininos, ele conta que ouviu de estilistas mais velhas à modelos adolescentes, passando por costureiras e jornalistas – todas devidamente representadas em sua trama.

Mas a trama da moda de fato começa a ferver esta semana, com os lançamentos para o próximo inverno. Além dos cinco estilistas do Projeto Lab e dos treze que participam da Semana de Moda, haverá o primeiro desfile da grife Cori, que existe há 45 anos. O evento marca a estréia do estilista Alexandre Herchcovitch na direção criativa da marca, sinalizando um desejo de atingir um público mais jovem. A filha da cliente Cori, digamos. Hoje, a Uma lança sua coleção durante um brunch para imprensa e convidados. E segunda-feira, dia 28, começa a São Paulo Fashion Week, que reúne a maioria dos melhores estilistas do Brasil, numa média de cinco desfiles por dia. Dia 29, uma exposição reúne mais de vinte fotógrafos de moda no espaço Joelle. Dia 31, durante a SP Fashion Week, Herchcovitch lança um livro sobre seu trabalho como estilista.

Esta 11ª Semana de Moda, que custa cerca de R$ 1 milhão e vai até quarta-feira, comemora cinco anos com uma exposição de fotos e uma instalação de vídeo com os desfiles realizados nesse período, além de trazer também uma exposição promovida pela Keds, que é um dos patrocinadores do evento. A Keds pediu aos estilistas participantes que reinterpretassem seu modelo clássico, o Oxford, em lona ou couro. Entre as novidades desta edição estão a estréia de Maria x Madalena e a volta de três grifes: V. Rom e Jeziel Moraes (moda masculina) e A Mulher do Padre ou AMP, que virou o paraíso de t-shirtmaníacos. Fashionistas, está dada a largada!

Lilian Pacce para O Estado de S.Paulo

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