O melhor preview do desfile de primavera-verão 2016/17 de Weider Silveiro quem deu foi… ele mesmo, no seu Facebook. Ontem ele publicou: “É minimal guarani, é hip hop guarajara, é agender pataxó!” E é isso mesmo, mais Baile de Favela versão instrumental na trilha e um make à pintura corporal caprichadíssimo de Ricardo dos Anjos. Weider olhou pra cultura indígena e principalmente pro jeito que o índio lida com a indumentária: “Eles se vestem ou se despem pra se enfeitar, não é pra se proteger nem por pudor”.
O resultado é mais uma vez belo, um minimal brasileiro (ou seja, meio metido a maximalista) que flerta com o streetwear e ao mesmo tempo é superelegante. O off-white que o estilista adora ganha a companhia principalmente do vermelho urucum – primeiro em continhas que valorizam o tressê inspirado em cestaria; depois nas listras; novamente no tressê só que em friso, destacando as faixas; nas incríveis penas aplicadas no crochê vazado tipo rede; e finalmente na renda. Os comprimentos mídi são arrematados com tênis brancos de cano alto e meinha também branca. E claro, não dá pra deixar de falar dos bordados coloridões de cair o queixo à Gucci-Alessandro-Michele, só que aqui com certa bossa grunge nos fios propositalmente soltos: boitatá, vitória-régia, arara. Kuarup fashion! Que mais e mais estilistas reverenciem e respeitem a cultura ancestral nativa do nosso país e, especialmente, peçam respeito por esse povo ainda tão injustiçado por políticas públicas e iniciativas privadas. (Jorge Wakabara)
