“Esse vai ser meu último desfile no evento, ainda não falei com o André [Hidalgo, organizador da Casa de Criadores] a respeito mas é isso”, Walério Araújo contou, no backstage do seu desfile de outono-inverno 2015. Mas ele pensa em ir pro SPFW? “Eu não, agora? Agora que não está bem? Não, se for pra fazer, quero fazer sozinho, solo”, ele rebate. O estilista se transforma em uma metralhadora de críticas a respeito da falta de consideração com os estilistas de caráter mais independente, como o dele – sem organização, apoio e divulgação constante e estável, ele alega que fica difícil mesmo. Faz sentido, e quem duvida?
A outra notícia é que o seu desfile em si pelo menos aparentemente não é atingido por essas questões e por sua decisão. Inspirada em bonecas de pano (que ele conta que foram suas 1ªs “modelos”, nas quais costurava roupas com retalhos), a coleção faz parte do grupo das mais “discretas”, “contidas”, entre as suas criações (como a das viúvas de outono-inverno 2011 ou a inspirada em Erté, de outono-inverno 2012). Discreta e contida entre aspas porque isso, no mundo de Walério, ainda inclui bordados, recortes e estampas supercoloridos, macacões, decotes ousados (ou, ao contrário, looks bem fechados, à anos 40). As modelos ganham toucas de tricô com maria-chiquinha, divertidas. E o seu casting foi recheado de famosas! Walério é um dos estilistas mais inspirados, animados e coerentes com sua criação da CdC – vai fazer falta no evento. (Jorge Wakabara)
