Vetements outono-inverno 2017/18

25.01.2017

A primeira mensagem que a Vetements passa no primeiro look que entra pela passarela do Centre Pompidou nesse desfile de outono-inverno 2017/18 que rolou durante a Semana de Alta-Costura de Paris é bem clara: a marca não é só pra club kids. Uma senhora aparece com um casaco de pele que na verdade é feito de dois casacos de pele vintageupcycling, elegância, statement sem espetacularizar, tudo junto. E aí vão surgindo outros “personagens”: o turista alemão com bermuda duplicada (repara no recorte no meio da coxa) e capa transparentefashionista que mistura preto e floral ao lado da mulher que nem sabe o quão fashionista é aquele matelassado que ela usa de maneira bem casual, o menino que trabalha no escritório e usa um terno cinza claro com camisa rosa (uma combinação de muito bom gosto que a gente nunca teria ligado ao universo da Vetements antes), a secretária, o rapaz que presta serviço militar, as finas que estão indo pra boate… Cada um na sua: não é isso, também, a moda? Não é pra isso que a moda deveria servir: expressão individual (pelo menos enquanto ainda há liberdade de expressão)?

Mas existe um subtexto aqui: não só o primeiro casaco de pele mas várias outras peças são feitas de duas. Essa duplicidade escondida na individualidade deixa a mensagem menos simplista. Pra começar, nem tudo é o que parece; o certo e o errado não são diametralmente opostos (e nem são conceitos válidos como absolutos), o puro oposto não existe. Existe sempre um 8 no 80. E por mais que o desfile transmita uma mensagem de gente da vida real, de rua, de cotidiano: tudo é pensado. Tudo é teatro. No reality show, não é a reality que shows… Então, voltando: a gente consegue expressar a nossa individualidade com a moda hoje? Quem pergunta é a marca que fez todo mundo ter vontade de se vestir igual, com um blusão oversized.

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