Tilda primavera-verão 2014/15

06.06.2014

Em sua 2ª participação na Casa de Criadores via projeto Lab, a Tilda de Anderson Tomaz refina a sua vontade de questionar o senso estético da maioria. Se na estreia o resultado era mais conceitual e difícil (e até pouco prático) de visualizar fora da passarela, nessa primavera-verão 2014/15 o estilista consegue continuar com o mesmo discurso mas se aproxima do que a gente encontraria em um guarda-roupa do dia a dia. Esse movimento é interessante principalmente porque se a ideia é questionar padrões na moda, essa apropriação de elementos que a “elite fashionista” consideraria cafona (flores artificiais, corset com calça jeans, maiô masculino, floralzinho de pegada ingênua à chita) fica mais poderosa no contexto urbano. Explicando melhor: deve “incomodar” mais a quem tem preconceito com essas coisas saber que é possível que, na próxima estação, alguém cruze o seu caminho em um coquetel de abertura de loja com esse look da passarela! Por isso mesmo, a moda pra eles, bem focada em macacões curtos, ainda não tem a força da parte feminina.

Os materiais diferentes continuam fazendo parte do trabalho de Anderson: dessa vez ele usa um tecido de rede (no 1º look, um vestido), um material prata mais rígido, um quimono customizado – e segue misturando-os com tecidos rejeitados, daqueles que ficam encostados anos na prateleira. O balanço final vai num caminho bem próximo ao que a Amapô vem seguindo, essa no SPFW e sem o viés irônico. Em momento de reclamações por causa de crise criativa e mesmice, esses levantes localizados que desafiam o status quo do “belo” são, mais que divertidos, necessários. (Jorge Wakabara)

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