Sororidade, mas “make it fashionable”: Dior

27.02.2019

Vichy & tartan, a saia de tule como um instrumento de enfeite e sedução do dia-a-dia pra noite, o pretinho e o jeans democráticos e libertadores, o chapéu pescador, a cintura bem marcada com couro negro num cintão quase minicorset. Essa é a moda da Dior de outono-inverno 2019/20 apresentada na Semana de Moda de Paris – mas tem mais no subtexto. Maria Grazia Chiuri parece recusar o escapismo dos vestidões e das imagens oníricas de seus colegas como resposta a um mundo difícil e cheio de conflitos; ademais ela coloca roupas pra usar e não pra simplesmente desejar na passarela, e ainda enfia o dedo na ferida na questão feminista. Repetitiva? Bom, o mundo ainda não entendeu, então, voilá: a camiseta-slogan da vez traz uma frase da poeta e feminista Robin MorganSisterhood is Global“. Antes disso, a artista Tomaso Binga declama uma poesia sua em italiano no microfone. Tomaso assumiu esse pseudônimo masculino na década de 70 como parte da sua atitude contra o machismo do mundo das artes, e seu trabalho é todo permeado por essa questão.

Outra referência de Maria Grazia são as Teddy Girls, e sim, você leu certo: a contraparte dos Teddy Boys existiu e era bem mais subversiva do que eles na sua androginia. A atitude é de gangue de rua, os looks também trazem alfaiataria de segunda mão; mas a estilista parece focar mais no clima intimidador delas do que em outros elementos tradicionais como jeans com a barra dobrada até metade da coxa e os lenços amarrados no pescoço. Entre os vestidos segue o tomara-que-caia com a saia mais rodada, silhueta que é super Dior e até fica um pouco deslocada perto do resto. Veja mais na galeria!

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