Não é pra qualquer um usar transparência. Ainda mais na bermuda e cueca, mostrando a base do… você entendeu. E brilho? E brilho de cristal com metalizado? E franja tipo pompom de líder de torcida? Rafael Caetano quebra regras nessa coleção de outono-inverno 2018. Depois de buscar referências em drag queens via os musicais “Kinky Boots” e “Priscilla, a Rainha do Deserto” na primavera-verão 2017/18, o stylist Lucas Bergamaschi deu a dica pra ele: “A gente tem que fazer a próxima sobre os Unicorns!”
O primeiro grupo brasileiro poliesportivo voltado à comunidade LGBTQ serviu como ponto de partida inusitado (futebol também é coisa de gay sim, viu?), mas no lugar de referências literais (tem um par de chuteiras ali; referência aos bearleaders, versão masculina das cheerleaders, acolá; meião etc.) Rafael optou por pitadas de sportswear bem diluídas no streetwear closeiro que tem dominado seu trabalho nas últimas temporadas. Tem até silhueta da Madonna em uma das estampas (o estilista é megafã e o Unicorns também!).
Nessa jornada de redescoberta do seu cliente, ao ouvir o que ele gosta e pede e, principalmente, ao atendê-lo, Rafael tem feito, com muito menos estrutura, o que pouca marca de mais peso consegue fazer: se aproximar de nichos de mercado ávidos por atenção. É uma lição pra quem está assustado com os millennials, sem entender como conquistá-los: que tal começar prestando atenção no que eles estão fazendo, nos interesses deles? (Jorge Wakabara)
