Patrícia Vieira outono-inverno 2015

06.11.2014

“Voltei pra faculdade”. É com essa frase que Patricia Viera (assim mesmo, sem acento no i, diferente da marca dela, que tem o acento!) nos recebe no backstage de sua apresentação de outono-inverno 2015, montado numa das salas da faculdade Belas Artes. É um retorno dela pro SPFW (onde ela desfilou por muitos anos antes de voltar pra passarela carioca): “Ia pular esta edição, mas aí resolvi aproveitar pra fazer uma coisa com mais calma, pra apresentar cada roupa pra imprensa e explicar as técnicas usadas. Depois farei uma apresentação pros alunos”.

É que é mesmo necessário: tudo o que a estilista faz é couro, mas pode parecer qualquer outro tecido pros olhares mais ou menos escolados! Sabe o vestido de renda superfluido, com top justo e saia ampla cheia de nesgas? É couro vazado, por mais que o caimento engane, e é cheio de cristais aplicados, colados em cada círculo formado pela padronagem. A técnica de colagem é a hotfix e também é usada em cima da estampa orgânica em preto e amarelo, que por sua vez é feita em cima de couro de mestiço vazado. São muitas fases pra terminar cada peça e essa riqueza de detalhes num trabalho incansável merece mesmo ser vista de perto, com tempo pra se entender, como numa sala de aula.

São muitos florais pra remeter às formas orgânicas do arquiteto Frank Lloyd Wright, que inspirou a coleção, mas há um afeto especial com as flores de ponto-cruz. Bordados de linha em cruz numa tela furada, certo? Errado: é de novo o couro que recebe os cristais colados formando uma estampa que lembra o trabalho artesanal muito comum em panos de prato. E o efeito final é supermetalizado, transportando a técnica da vovó pra um universo bem rocker. Quer tear? Também tem, num trabalho lindo feito com tiras de 3 mm de couro que vão pra uma máquina que trança tudo com linha pra ir parar nas peças bicolores em rosa com vermelho e rosa com preto. Isso sem falar no tie dye multicor, nos rolotês feitos com 600 metros de couro pra dar no look de jaqueta e saia evasê, na textura de crocodilo por cima do verniz… Nada é impossível – e se for Patricia corre atrás de provar o contrário! (Aurea Calcavecchia)

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