O novo sonho americano na Calvin Klein é surreal

15.02.2018

Sim, claro, surrealismo é sobre sonhos. Mas nossa ideia de sonho americano, que costuma ser tão asséptica, passa por reviravolta aqui nessa coleção de outono-inverno 2018/19 apresentada na Semana de Moda de NY. Nesse terceiro desfile de Raf Simons pra Calvin Klein, a sua jornada que pesquisa a alma dos EUA entra em terreno complexo e misterioso: traz celeiros e pedaços das obras do parceiro Sterling Ruby no cenário mais pipocas formando uma camada por toda a passarela (de longe parece neve). Cinema, artifício, certo clima tenso com direito a balaclavas e casacos com faixas refletivas de bombeiros; o que está acontecendo com esse sonho?

O lado country continua, mas além das camisas de caubói bicolores das temporadas anteriores aparecem os vestidos com pala circular e babado na barra – as versões da CK são supersensuais com underboob aparecendo (very Rudi Gernreich, estilista austríaco que fez algumas das modas mais autorais-conceituais da América do Norte no século 20) ou transparentes. Outro símbolo norte-americano: Pernalonga e seus amigos, como o Papa Léguas e Coiote, em tricô (na verdade super Jean Charles Castelbajac, que vem a ser um estilista… francês!). O prateado do mylar, material refletivo que pode ser usado pra cobertores em caso de acidentes e catástrofes naturais, se mistura no meio dessas referências em efeito meio futurista, meio apocalíptico. O patchwork em tiras à vovó moderna também chama a atenção, delicadezas como a renda lutam por um espaço no meio de tanto oversize. É definitivamente um manifesto contundente e surpreeendente pra uma marca de pegada comercial como a Calvin Klein; instigante e estranhamente atraente. E você, o que achou? Confira mais na galeria.

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