Estilistas, vamos chamar assim, independentes – ou seja, sem um grande capital de giro por trás – trazem em sua condição seus prós e contras. O contra é que ele não pode arcar com o melhor tecido, o melhor acabamento, a melhor modelista do mundo. O desafio (e a graça) está aí: ao mesmo tempo ele tem muita liberdade pra exercer a sua criatividade e conseguir, com ideias, que a gente até releve algumas coisas em prol do resultado em imagem de moda.
Isso posto, Melk Z-Da fez um desfile corajoso numa época que todo mundo fala em crise e que muitos apostam no certo. Sua primavera-verão 2012/13 é de mulheres interessantíssimas chegadas em simbologias – meio o que Fabia Bercsek faz em seu universo criativo também. Usando como inspiração a orquídea, Melk, por exemplo, não foge do fato de que a flor é uma das iconografias usadas pro órgão sexual feminino. Pelo contrário: ele faz recortes de uma ousadia nunca vista em sua passarela, com vazados no quadril em forma de triângulo como se fossem setas apontando pra vagina! O orgânico do bordado de fio de seda e dos recortes convive com a modernidade das modelagens, o paetê holográfico, o All Star metalizado. O batom pink e o cabelo pro lado, tipo menina atrevida, ajuda a reforçar a imagem de “forte sexo frágil”. E se você é uma menininha fashion, à procura de uma tendencinha pra usar… Bom, aqui tem vestido mullet. Mas talvez ele seja bem mais intrigante do que o seu paladar pelo mainstream pode aceitar… (Jorge Wakabara)
