Simbolismos se sobrepõem no desfile de primavera-verão 2015 de Marc Jacobs, que pra começo de conversa foi apresentado no dia 11/09 em NY, data supersignificativa. Pra botar mais combustível, o mote mais óbvio da coleção é o uniforme: de enfermeiro, de operário, mas principalmente o militar. Ao contrário da primavera-verão 2014, quando a profusão de aviamentos dava um toque divertido pra aquele “militarismo fantasia”, esse se aproxima mais da realidade – perigosamente, uma vez que pode soar pro pacifista quase como um convite à guerra, ou ao menos ao apoio dela.
Até as cores são “uniformizadas”: verde oliva, azul-marinho, bege, cinza, vinho. A experimentação com volumes continua (que tal a saia abaloada?), e o bolso cargo está de volta, em profusão, máxi, fazendo questão de aparecer. No meio do utilitarismo de botões e martingales, do meio pro fim começa a surgir mais sofisticação com cetim e assimetrias (tendência forte da temporada americana). E então aparece o novo poá 3D, em forma de cabochon, mais uma regata com uma flor estranhamente próxima da releitura dos anos 70 nos anos 90 – em pleno 2015, ops, que pane! Efeito “esquisito cool“, especialidade de Marc.
Essa “uniformização fashion” também pode ser entendida como um comentário pro normcore – quer coisa mais “normal padronizada” que um uniforme? E mais: em uma parceria com a marca superquerida pelos fãs de música Beats by Dre, os convidados ganharam fones de ouvido – colocando-os, você ouvia uma narração durante a apresentação. Imersão tecno-introspectiva, exigência do nosso multitask em meio ao nosso hoje quase natural DDA. Ao lado do último outono-inverno 2014/15, “durma com um barulho desses”… Isso é desfile? Isso é performance artística? Ou é um híbrido contemporâneo e portanto não é exatamente nenhum dos dois?