Maison Margiela primavera-verão 2016

30.09.2015

Do anonimato passamos ao “estranhismo”; no lugar de máscaras que escondem o rosto, maquiagens que revelam. Nessa 2ª temporada de prêt-à-porter da Maison Margiela por John Galliano apresentada na passarela da Semana de Moda de Paris, já dá pra entender bem “qual é a da marca” sob a batuta do estilista. Se no começo do desfile de primavera-verão 2016 a gente ainda percebe traços de minimalismo nas cores neutras e nos “brilhos alternativos” com metalizados industriais, ao mesmo tempo já fica claro que a expressão individual é importante no look – o cabelo azul da modelo, o make diferente em cada uma delas (com a assinatura da incrível beauty artist Pat McGrath). Observe, por exemplo, a costura aparente, tipo sutura, em um nude “feio” que ganha bordados de pedraria com movimento – o antiglamour com toque glamouroso, a contradição.

Por aqui o agênero continua um tema forte – não dá nem pra chamar de gender light porque a ideia está mais pro travestir do que pro confundir. Rapazes usam roupas de mulher, assim como elas já assimilaram roupas que eram consideradas masculinas. Do meio pro fim da apresentação, surge um tema caro ao trabalho de Galliano: o Japão. Se na Dior o país tinha um aspecto de espetáculo, aqui ele também é bem colorido, explora técnicas e motivos orientais em seus bordados, mas ainda assim guarda surpresas: o material de brilho holográfico, o que remete ao embrulho (pros japoneses, uma arte!), a mochilinha nas costas que substitui o volume do obi na silhueta, a rigidez do tecido que resulta em suavidade nas formas. Muito, muito interessante. Não é à toa que o estilista conta com um séquito fiel de fãs – belo trabalho.

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