Gustavo Silvestre volta reformulado pras passarelas no evento SP-Ecoera, que discute as interações entre moda e sustentabilidade. O estilista, que andava afastado de desfiles, já tinha um trabalho de reaproveitamento de tecido com técnicas artesanais antes, mas veio desenvolvendo uma aproximação com o crochê. Hoje produz vestidos cheios de elementos, de formas orgânicas, que juntam trabalhos de crocheteiras do Nordeste com seus próprios pontos. O resultado pode ser um patch de diversas cores e técnicas sem simetrias, ou algo que ele encomenda pra elas (caso do vestido que tem a forma de um sol dobrado ao meio, que fica com pontas de um lado, em musgo). Às vezes ele também tinge partes das peças, e pra acompanhar o destaque são os acessórios, feitos também em crochê com fios dourados e pedras que seriam descartadas porque quebraram. Nos pés, as modelos usam calçados de couro de peixe da Heliconia. O trabalho de Gustavo está mais interessante do que nunca – ele atualmente comercializa em seu ateliê. “O que as meninas mais pedem hoje são vestidos curtos e largos”, ele conta no backstage, mostrando que existe espaço pra moda que usa do artesanato, e acima de tudo existe mercado pra isso. (Jorge Wakabara)
