Felipe Fanaia há algum tempo conquistou seu posto de “estilista lúdico” na Casa de Criadores – ele já colocou meme na passarela, menino dançando (e arrasando!) de salto, trouxe a “legítima calça santropeito” (tão alta que virou macacão), fez um outro macacão cor da pele à “manda nudes“… Mas o nome do evento já avisa: aqui a gente vê coleções de criadores, gente que tem marcas menores e por isso segue uma cartilha mais autoral do fazer moda. E se um criador precisa responder a um estímulo que não tem a ver com o caminho que ele vinha tomando, como negá-lo e reprimi-lo? O melhor é extravasar isso.
Saíram, então, as brincadeiras, e o estilista escolheu como tema a história de recuperação de um alcoólatra – e dá pra perceber que o tema lhe é muito caro e pessoal pela maneira como ele se emociona. Mas quem ver as fotos em si vai perceber que os clientes de Fanaia, seja qual for a inspiração, continuam contemplados: o oversize (que no caso dele é sempre maxioverultra), as boas maxicamisas (agora com pegada de uniforme), os alongados, as cores de quarto de criança (azulão, rosa, verde garrafa, lilás…). Tudo isso convive com as ótimas camisetas-slogan (“substitua seu vício” em inglês) justinha e preta à ciclista, o debrum de tecido refletivo, o camuflado-rabiscado, os robes de chambre acetinados. A moda é instigante. E o tema, talvez, nem precisaria ser exposto: o resultado é esteticamente estimulante independente dele. (Jorge Wakabara)
