Num tempo em que se discute o “see now, buy now“, decorrência da velocidade cada vez maior da moda em face às redes sociais divulgando tudo em tempo real, pouco tem se discutido se esse movimento de sobrevivência também não acaba por aumentar ainda mais o ritmo. Se o formato de desfile está desgastado, essa fórmula de apresentar as coleções com menos intervalo entre passarela e chegada nas araras não vai desgastá-lo ainda mais? É essa a resposta certa a longo prazo?
Phoebe Philo não necessariamente se coloca de maneira clara diante da questão, mas sua coleção de outono-inverno 2016/17 da Céline apresentada na Semana de Moda de Paris parece ser um comentário. “É sobre encontrar as possibilidades”, ela explica, enigmática, no backstage. “Curiosidade. Entrando e tentando encontrar. Encontrando a calmaria que às vezes está lá.”
A moda anda tão simplista nessa necessidade de fácil e rápida absorção que algo que não seja imediatamente reconhecível aos olhos, que te desafie a procurar com mais perspicácia nas entrelinhas, soa difícil e sem sabor. Mas Philo é autêntica o bastante pra não se deixar levar por esse receio: ela faz a camisa oversize semitransparente, a calça superampla, a blusa de gola rolê, o casacão, a parka, o tecido drapeado que abraça o corpo, o nó volumoso de um lado do quadril… Nada tem uma estampa hit, um recorte, um maxi-ilhós na barra que todos vão identificar como “o novo da Céline”. A atitude serena fica ainda mais elegante quando você pensa que poucos podem se dar ao luxo desse conforto. Desligue o celular, não tenha pressa pra comprar essa coleção. Um convite ao respiro.
