A cultura zulu é super “macho”, mas uma cerimônia de um mês que acontece duas vezes por ano na Nazareth Baptist Church, ou Shembe, igreja que mistura o zulu com o cristianismo, conta com uma indumentária que chama bastante a atenção por embaçar essas linhas divisórias de “roupa de homem e mulher”. Pra eles provavelmente é normal, mas pros nossos olhos o look de kilt, camisa com gravata borboleta e meião esportivo cobrindo a canela se aproxima de um menino do Baixo Augusta (que, inclusive, poderia apanhar de homofóbicos). É dessa imagem que Alexandre Herchcovitch, com um casting composto inteiramente de negros, parte pra primavera-verão 2014/15 de sua linha masculina.
O elemento principal, portanto, vira o plissado, não só em kilts mas na parte de trás de casacos (e na calça-kilt, prima da calça-saia que reapareceu na temporada passada da Herchcovitch). O estilista promove algo “mais masculino” em um lado, com os sapatos pesadões e a alfaiataria com abotoamento duplo; mas realça outros mais ousados, como a renda branca, o recorte-decote retangular bem grande nas costas, o metalizado futurista, o vestido-camiseta. Como deu pra reparar pelas descrições, os híbridos contornam todo o desfile, inclusive no seu todo: esse jogo formal-casual é a cara do cliente da marca, que gosta do apelo do diferente. (Jorge Wakabara)
